E u escuto, escuto todos, na medida do possível, agora há indivíduos que estão doentes nas redes sociais, querem estar em todas e pergunta-se se trabalham, alguns até enervam com a omnipresença, querem que à força todos pensem igual. Alguns são absurdos e é preciso perceber o que está por trás da piada.
Na Madeira, a economia está concentrada em poucas mãos, e isto só pode ser exacerbado por um liberalismo mal gerido, é um ponto de vista que merece ser analisado, o meu. O liberalismo, na sua essência, defende a liberdade económica, a propriedade privada e a livre concorrência. A teoria subjacente é que o mercado, quando deixado a funcionar sem excessiva intervenção estatal, promove a eficiência e a inovação, beneficiando a sociedade como um todo. Estão a ver, até estou informado para ser um liberal. Avancemos.
No entanto, muitos consideram a concentração de riqueza a grande falha do liberalismo, na prática, numa terra como a Madeira é infernizar de vez os naturais da da ilha já rejeitados pelo GR. Se temos pobres, o liberalismo cria mais pobres, é difícil de perceber isto, não queria equilíbrios mas assimetrias, agudiza. O que acontece quando o mercado não é um "campo de jogo nivelado"? Vai pender ainda mais para o mesmo lado.
Vamos a um paralelismo, o Liberalismo na Prática vs. a Teoria.
O ideal liberal assume que todos os agentes económicos têm as mesmas oportunidades. Mas, se a economia já está concentrada, a privatização de ativos (como por exemplo o caso do Jornal da Madeira vs JM) pode não levar a uma maior concorrência, mas sim a um fortalecimento dos monopólios ou oligopólios existentes. Foi bom exemplo? Agora imaginem os outros glutões que mandam no partido do poder!
Temos portanto problema da "captura" da Região. Quando o poder económico se concentra, as grandes empresas ganham uma influência desproporcionada sobre as decisões políticas. Isto leva à "captura regulatória", normalizada, onde as leis e as privatizações são moldadas para beneficiar os interesses dos poderosos, em vez de promover a concorrência e o bem-estar público. Voltando ao caso do Jornal da Madeira vc JM, onde a venda não pôde ser feita a outros por falta de interessados "viáveis", é um exemplo de como o sistema se perpetua, cresce e torna-se total, integral. Só nos faltava o liberalismo. A narrativa oficial foi a da falta de interessados, mas a realidade pode ser que as barreiras de entrada (incluindo as políticas) são tão altas que só os "Donos Disto Tudo" têm capacidade para comprar. E aqui vamos ao que aconteceu ao LIDL, nem empresas com poder financeiro se entram no mercado. É este o fim do liberalismo?
A teoria da concorrência assume que, se uma empresa for ineficiente, será substituída por outra melhor. Mas, quando a concorrência não é livre (devido a conluios, poder de mercado ou influência política), as empresas dominantes podem manter a sua posição sem necessidade de inovar ou de oferecer melhores serviços. É O QUE ACONTECE NA MADEIRA! A falha da livre concorrência!
A crítica não é contra o conceito de liberdade económica em si, mas sim contra a sua aplicação num contexto onde não existem regras claras e um Governo Regional forte e imparcial para as fazer cumprir. Um liberalismo sem regras é anarquia, e anarquia económica leva inevitavelmente à lei do mais forte, ou seja, à concentração de poder. Meus senhores, exatamente a loucura imperialista dos mais fortes que quer vingar no mundo! O Liberalismo sem regras não é sustentável! E isso acontece na Madeira, coisa que até amarra secretários bem intencionados se acaso foi o Sérgio Marques.
A Madeira é um exemplo de como a economia de pequena escala de uma ilha pode ser particularmente vulnerável a este tipo de concentração. A limitação geográfica e demográfica pode restringir o número de agentes económicos, tornando o mercado mais suscetível a oligopólios. É a política que conhecemos tomada pela economia dos oligopólios.
A questão, portanto, não é se o liberalismo é "bom" ou "mau", mas sim se a forma como ele é aplicado na Madeira (e em muitos outros lugares) está a falhar em cumprir as suas próprias promessas. Em vez de promover a livre concorrência e a prosperidade generalizada, reforça o poder de um pequeno grupo. Cuidado com os sorrisos, piadas e o populismo de alguns.
Esta não é uma falha do liberalismo enquanto ideal, mas sim do sistema político e económico que permite que a liberdade económica seja pervertida para criar e manter monopólios e influências políticas. A solução, para muitos críticos, não é a oposição total ao liberalismo, mas sim a exigência de um Estado regulador forte, neste caso de um Governo Regional capaz de garantir uma verdadeira concorrência e evitar que o mercado se torne um instrumento para a perpetuação do poder de poucos.
Só pode existir Liberalismo com uma classe média forte e um mercado disciplinado.
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