Morre-se demais por bactérias no HNM


O lá a todos. Tenho dois familiares que há algum tempo faleceram, não pela doença com que entraram no Hospital Nélio Mendonça, mas por bactérias que apanharam lá. Isso tornou-se um assunto em que mantenho permanente atenção para explorar no dia a dia, com quem informa uma morte e em que circunstâncias. O que vou dizer pode parecer empírico, mas tem um acompanhamento assíduo e não é tão empírico quanto isso. Sente-se. Desde que faleceu o meu primeiro familiar, há 4 anos, detectei 19 casos de mortes por bactérias onde a doença que foram tratar não era essa. 19! Percebem porque não é tão empírico quanto isso. Sim foi marcação cerrada, quase sabendo de alguém próximo e perguntar claramente sem vergonha.

Se houvesse jornalismo de informação nesta terra, não haveria tantos pavões de propaganda nem desfiles de indumentárias.

Quando se fala das desventuras do Hospital Novo, o sobrecusto de 45%, as mortes de trabalhadores, as lajes que caem, eu atrevo-me a dizer que são preferíveis essas notícias do que a quantidade de mortes por bactérias no HNM. Há de tudo, uma cirurgia por causa de ossos partidos - bactéria - morte. Pneumonia - bactéria - morte. Pedra no rim, bactéria - morte. Etc. Tenho as 19 razões em 4 anos, nenhuma foi por Covid. Foram bactérias.

Eu não deixei de ser inconveniente e perguntei a muitas pessoas, na área da saúde, e detectei de novo o de sempre, ninguém denuncia porque tem medo das represálias, é um pouco como deixa andar, como a propaganda de corredores desimpedidos de macas porque a Ordem do Médicos vai fazer uma visita. Não o façam oficialmente, vão pessoalmente, pela calada, a menos que também estejam a participar na fantochada montada para mais prémios de superlativos falsos.

Morre demasiada gente no hospital com bactérias que apanham lá, em vez das doenças com que entram para se tratar. Sinto insensibilidade em muitos, mas é uma característica cada vez mais vulgar na nossa terra. E quando for a vez de cada um dos que calam? O Madeira Opina tem toda a razão de existir.

O hospital novo é tema que esconde o velho, da falta de meios e avarias, da falta de meios humanos, de medicamentos e interrupções de tratamentos, o dinheiro que anunciaram de incremento para a Saúde é massa num buraco de dente.

Triste mas realidade, os médicos e os políticos (governantes) que têm dinheiro fogem da Madeira para se tratar, quem não pode morre por falta de cuidados e bactérias hospitalares. É duro mas é verdade, quem não se lembra dos episódios de Albuquerque que foi tratar da "máquina" fora em confissão ao bispo, aos conhecidos da praça que pedem relatório em inglês para ir para os Estados Unidos (soa a alguma coisa), àqueles que pareciam donos da democracia e foram para o continente e além continente.

Eu não tenho os dados todos, sou empírico, mas 19 em 4 anos dá uma média de quê para quem leva a contagem a "sério"? Quando um hospital tem muitos pacientes que entram com uma doença e, ao serem internados, acabam por morrer devido a infeções por bactérias, é um sinal de que algo está verdadeiramente errado, sugere um problema grave com as infeções hospitalares, ao ponto de valer a pena cair uma laje no hospital novo...

O cenário aponta para várias falhas possíveis, sem sombra de dúvidas, e há gente que sabe e tem medo de ir ao hospital, no "grande povo". As bactérias estão a proliferar no ambiente hospitalar, resultado de uma limpeza inadequada, má esterilização de equipamentos ou falta de protocolos rigorosos de higiene por parte da equipa, más superfícies que não ajudam na limpeza, materiais caducos e infestados. Temos a faceta da higiene e controlo de infeções deficientes. Para isto deve contribuir a mistura de patologias...

As bactérias que causam estas infeções podem ter desenvolvido resistência aos antibióticos comuns, tornando o tratamento muito difícil e, em muitos casos, ineficaz... morte. Aqui temos superbactérias, mas também pacientes infetados podem não estar a ser isolados corretamente, o que permite a propagação das bactérias para outros pacientes, especialmente aqueles com o sistema imunitário fragilizado. A mistura de patologias está errada, falta medidas de isolamento, ou será que agora essas unidades também são para VIPs?

O HNM foi inaugurado em 9 de setembro de 1973, se bem investiguei, com a presença do presidente da República Américo Tomás, há 52 anos portanto, pode ser um factor relevante. Edifícios mais antigos têm sistemas de ventilação, canalizações ou outras infraestruturas que facilitam a acumulação e propagação de microrganismos. Aqui temos problemas de infraestrutura.

Mas também há outra hipótese, a demora de atendimento, a dificuldade de acesso aos cuidados médicos geram falhas nos cuidados prestados, onde a deteção e o tratamento das infeções não estão a ser feitos de forma atempada e eficaz. Isto refere-se à qualidade dos cuidados, curiosamente o HNM recebeu um prémio. Os prémios maquilham como a visita da ordem dos Médicos?

Sou um Zé Ninguém com as minhas capacidades, os jornalistas estão à espera do quê para fazer um verdadeiro serviço público? Trazer a verdade em vez de perseguir politicamente quem chega demasiado perto de desmascarar o poder!

O elevado número de mortes por infeções hospitalares é um indicador de baixa qualidade e segurança para o paciente. Nesta situação, é fundamental que as autoridades de saúde investiguem o hospital, auditem os seus procedimentos de controlo de infeção e, se necessário, implementem medidas corretivas urgentes. O hospital corre o risco de ser alvo de uma intervenção ou, em casos extremos, de encerramento, até que a segurança dos pacientes esteja garantida. Quem tem coragem de desmascarar este Governo Regional com gestão política e muita propaganda de assessores que fecham os olhos a jornalistas?

Ninguém?! Vai continuar a morrer, sabendo e não atuando é cumplicidade.