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| Sicário: um assassino contratado, alguém que mata em troca de dinheiro ou recompensa. |
H á cada uma, com mais de um século, se não houvesse tragédia ninguém sabia, ou será que fogem da responsabilidade? Uma das piores falhas que pode existir é a segurança pública, oriunda de uma ausência de uma autoridade clara. De acordo com as notícias recentes sobre o acidente do Elevador da Glória, a tragédia expôs uma falha sistémica grave, onde a responsabilidade pela fiscalização parece ter-se desvanecido entre diferentes entidades.
O cerne da questão é que os elevadores da Glória e do Lavra nunca foram fiscalizados pela Autoridade Nacional de Segurança Ferroviária (ANSF)! A justificação para esta ausência de supervisão é burocrática e baseia-se numa interpretação da lei. A lei de 2020 determinava que o IMT (Instituto da Mobilidade e dos Transportes) supervisionasse os ascensores sem tração própria, o que se aplicava ao Elevador de Santa Justa e da Bica. No entanto, os elevadores da Glória e do Lavra têm motores incorporados, e por isso, foram supostamente isentos desta fiscalização. Até parece que nessas condições não oferece perigo e necessidade de vistorias com competência depois da manutenção com competência.
Como é que só agora, após uma tragédia que resultou em 16 mortos, se descobre esta lacuna? A resposta é simples e frustrante: estas falhas só se tornam visíveis quando as consequências são catastróficas. Este tipo de falha burocrática é a personificação da negligência. A responsabilidade é diluída, passando de uma entidade para outra, até que, no fim, ninguém é efetivamente responsável. É um "esquema" para desresponsabilizar, onde a letra fria da lei se sobrepõe ao bom senso e à segurança.
Mas há outros fios soltos... além da ausência de fiscalização da ANSF, há outros pontos que merecem ser criticados. A empresa responsável pela manutenção, MNTC, realizou uma inspeção ao Elevador da Glória na manhã do acidente que durou apenas meia hora e confirmou que o elevador tinha condições para operar. O relatório preliminar indica que a zona onde o cabo cedeu "não é passível de visualização sem desmontagem". Isto levanta questões sérias sobre a eficácia e a profundidade das manutenções realizadas e das inspeções. A manutenção do elevador era feita de forma mais minuciosa até 2007, e a Carris chegou a fazer vistorias diárias, que foram progressivamente reduzidas.
Neste quadro depois vem o corte de custos, Um concurso público para a manutenção dos elevadores foi cancelado pela Carris porque as propostas apresentadas pelas empresas eram mais altas do que o orçamento disponível. Em vez de aumentar o orçamento para garantir a segurança, a Carris optou por um ajuste direto, mantendo a mesma empresa que já fazia a manutenção, supostamente por valores mais baixos. Pode indicar que aligeiram a manutenção e supervisão para dar o preço que a Carris quer?
A "culpa" é de todos e de ninguém, onde já vimos isto, a tragédia do Elevador da Glória ilustra perfeitamente como, onde num sistema que falhou, as responsabilidades se dispersam. O Governo decretou luto nacional, o Presidente da Câmara de Lisboa recusou a demissão do presidente da Carris, a empresa de manutenção diz estar a colaborar com as autoridades e o Governo afasta as responsabilidades. É a dança das cadeiras da irresponsabilidade, onde cada um aponta para o buraco legislativo ou para o "erro" do outro, enquanto a verdadeira causa da tragédia - a falta de segurança - é ignorada até que seja tarde demais. O Presidente da CML já chama os outros de "sicários", em poucas horas muda-se de responsável político para coitadinho que se defende atacando. Sicário!
Moedas parece mais um Jesus.
