N os preparativos para a Época Venatória do mosquito, que já começou, comprei um eletrocutor daqueles tipo snack-bar, com duas luzes azuis assim cor do Chega e do tipo "anda cá que já te vou comer". Como sabem, o Governo regional estuda muito, mas quem apanha os mosquitos somos nós, ou ao contrário, até dá inchaços.
A minha ideia foi instalar à porta de casa, lugar onde eles mais se infiltram rumo a "sanguessugice", o resultado foi excepcional, a tal ponto que pouco preguei olho na primeira noite porque eram estalos a todo minuto e o meu quarto fica próximo. Pela manhã fui logo ver esse aparelho tão parecido com o fisco a comer a eito. Estava repleto, bela compra, mas, vou ter que limpar todos os dias? E a sobreposição anula o eletrocutor? Pensamentos profundos da humanidade. O Chega ainda faz um cartaz com um eletrocutor do Bangladesh...
De vez em quando dá uma série de estalidos, não sei se o mosquito dá luta ou se apanhei algo maior, nessas ocasiões o gato levanta os olhos, com sonolência, a ver se cai algo bem passado que se coma, afinal o futuro é a alimentação com insetos.
Os dias foram-se passando, fiquei abismado com as coisas que o Chega, vulgo Fisco, apanha. Toda a bicharada com asas que passe pela grelha e mais ainda. Ao fim de uns dia reparei que as aranhas eram oportunistas, umas faziam teias nas engrenagens elétricas, outras mais sôfregas no tabuleiro onde caída toda a bicharada. Aquilo parecia o PRR dos aracnídeos ou os aracnídeos das obras, na versão chover insetos como adjudicações diretas. Deixei a aranha do tabuleiro a ver se a oportunista ficava com obesidade mórbida. Qual quê, começaram a ficar insetos na teia e não no tabuleiro, o que fazia crescer o monte mais acima. O único trabalho dela era aumentar a teia, assim tipo off-shore e criptomoedas para safar o ganha pão na íntegra. Quando dava uma corrente de ar, quem apanhava a chuva de insetos era eu, penso que não acontece com o dinheiro... Humanamente dei uma bombadas de inseticida em todos os buracos possíveis e imaginários. Parecia a propaganda do Chega.
Não me parece que o inseticida seja de longa duração, em quarenta e oito horas, apareceu outra aranha oportunista, já com a rede montada para o trapézio. Oportunistas são como terroristas, mata-se um e aparece outro.
O eletrocutor estava com melhor programação do que a RTP Madeira, porque era a única coisa que tirava a família da TV e do telemóvel. De repente, ouvem-se estalidos sem fim, como nunca, o gato mais ágil, achou que valia a pena se levantar e chegar primeiro, algo memorável porque nem vento nem chuvadas, nem sismos ou a recolha seletiva de vidro o despertam. Era verde, um gafanhoto!
A chegada do bicho assemelha-te aos Donos Disto Tudo, ganha-se bem, queria o monopólio. Eu pensava que gafanhotos eram herbívoros, mas o que esta experiência humana e cientifica me diz é que na oportunidade e na gula querem tudo.
Quando fui limpar, percebi que o gafanhoto era tipo um arguido no calabouço ao contrário, preso à rede de fora com uma pata esticada para o gamanço, mortinho da Silva enrolou-se nas teias de aranha das oportunistas inferiores, as aranhas.
O moral da história é que morrem todos, uma história de humanidade, despertemos em nós um eletrocutor em cada um. Se houvesse um eletrocutor para políticos oportunistas, tipo para a limpeza do Chega, a grelha estaria como na foto. Mas cuidado, o carrasco do eletrocutor não é santo, é tipo o Chega, moralista e cheio de ética ... mas também cheio de foras-da-lei também.

