Quando o protagonismo dos eleitos esbarra com o ego dos pretendentes**


N a política madeirense, especialmente em concelhos de pequena dimensão como **São Vicente**, o poder não é apenas um cargo, é um símbolo. Quem o exerce, fá-lo sob o olhar atento de uma população que conhece pelo nome quem o elegeu.

E é precisamente aí que o **protagonismo dos eleitos** tantas vezes esbarra com o **ego dos pretendentes**.

Durante décadas, a hegemonia política na Madeira habituou muitos ao poder e poucos à oposição.

Essa longevidade criou zonas de conforto, redes de influência e uma perceção de intocabilidade que, com o tempo, se confundiu com direito adquirido.

Mas os ventos da mudança começam a soprar, e o poder, que parecia perpétuo, começa a sentir o peso da contestação, não apenas nas urnas, mas sobretudo nas ruas, nas conversas de café e nas redes sociais.

Os **eleitos**, habituados a decidir, nem sempre compreendem que o tempo muda, e que a autoridade se exerce com humildade e transparência.

Os **pretendentes**, por sua vez, muitas vezes confundem renovação com revanche, e crítica com ressentimento.

Em vez de ideias novas, trazem apenas a urgência de destronar quem está no topo.

No meio desta guerra de protagonismos e vaidades, **quem perde é o povo**, o cidadão que apenas deseja ver o seu concelho prosperar, com políticas eficazes e gestão responsável.

A política deixa de ser um serviço à comunidade e transforma-se num espetáculo de egos, onde as promessas se esfumam logo após o eco dos discursos.

A Madeira, que tantas vezes serviu de exemplo de estabilidade e autonomia, corre o risco de se tornar prisioneira das suas próprias rotinas.

É tempo de repensar o papel de quem governa e de quem aspira governar.

O poder, quando não é exercido com espírito de missão, degenera em vaidade; e a oposição, quando não é feita com seriedade e proposta, transforma-se em mero ruído.

A verdadeira revolução não é trocar protagonistas, é **mudar a forma de fazer política**.

A política precisa menos de personalidades inflamadas e mais de **pessoas com propósito**.

E talvez, quando os eleitos deixarem de se achar donos do poder e os pretendentes entenderem que servir é mais nobre do que aparecer, São Vicente e a Madeira possam finalmente reencontrar o seu verdadeiro rumo: o bem comum.


Nota do MO: não se entende a razão dos asteriscos. Só fazem coisas para não terem propagação e falharem as pesquisas. Tanto que querem destacar que anulam-se.