No continente, nada disto era possível.
com outra ética, fiscalização e comunicação social.
A Madeira vive um daqueles períodos em que a realidade parece escrita por argumentistas viciados em drama e humor negro. A cada dia, surge um novo episódio, uma nova contradição, uma nova tentativa de explicar o inexplicável — e a população já nem sabe se há de rir, chorar ou simplesmente desligar a televisão.
A figura central deste teatro continua a ser Miguel Albuquerque, que navega a crise política com aquele ar incrédulo, como se o caos tivesse decidido instalá-lo permanentemente no Funchal. Não cabe a mim acusar ou inocentar ninguém — para isso existem tribunais, órgãos próprios e mais do que suficiente escrutínio público — mas é impossível ignorar a torrente de turbulência que paira sobre o arquipélago há meses.
A sensação dominante? Um governo regional a funcionar em “modo improviso”, como se a política madeirense fosse uma peça de última hora apresentada por atores que receberam o guião quinze minutos antes de entrar em palco. É tudo tão atabalhoado e mais grave a gastar o nosso dinheiro publico de forma manhosa.
Nada disto seria tão grave se não estivesse em jogo o futuro real de uma região que já merecia estabilidade e transparência a sério — não apenas slogans reciclados ou conferências cuidadosamente coreografadas. O povo madeirense assiste à sucessão de episódios de alargamento de campos de golfe com dinheiros públicos: Prémios pagos em que já ninguém acredita? Por favor…
E, claro, aproxima-se o Natal. Aquela época em que as autoridades adoram fazer votos de confiança, de paz e de união — enquanto a ilha se mantém num estado político que parece tudo menos pacífico. Se o Pai Natal resolvesse fazer uma escala na Madeira, poderia com todo o gosto levar o Miguel Albuquerque para a cancela. Sem volta.
Como é que a situação chegou a este ponto?
