O egoísmo chama de inveja.


O s privilegiados do sistema muito gostam de atirar os focos para cima dos outros para não passarem vergonha e exposição. Venho tentar fazer uma crítica social e empresarial à sociedade madeirense, sobre o ciclo de poder e a "inveja", palavra que pretende resolver tudo com uma população que não lê para saber que é enganada. Para estes não é problema que um grupo restrito de empresários ter capturado o poder político e utiliza a máquina governamental para servir os seus interesses económicos. Não há indignação, não levantam sérias preocupações de ética social, concorrência leal e saúde democrática. Antes o madeirense parece que quer participar na pequena corrupção legitimando nas Regionais.

O cenário não é exclusivo da Madeira, mas o seu impacto é intensificado numa economia insular e dependente como a Região Autónoma. A crítica central é a "Captura do Governo", no contexto da Madeira, um fenómeno em que agentes privados (neste caso, empresários influentes) corrompem e orientam as decisões e políticas públicas para benefício próprio, e não para o bem comum.

O governo é uma agência de negócios, a principal função do governo deixa de ser a prestação de serviços públicos universais (saúde, educação, transportes) e passa a ser a infraestruturação de negócios privados (concessão de terrenos, licenciamentos rápidos, alterações de zonamento, ajustes diretos, trabalhos adicionais para garantir a compensação do valor baixo dos concursos ou até a compensação provocando litígios judiciais - litígios inventados).

A preferência por ajustes diretos em vez de concursos públicos transparentes é o sintoma mais claro desta captura. Isto limita a concorrência, exclui pequenas e médias empresas, e inflaciona os custos para o erário público, pois não há pressão de mercado para otimizar preços. Os ajustes diretos são ausência de transparência. Se fosse possível calcular o sobrecusto dos ajustes diretos face aos preços médios de mercado obtidos em concurso público ao longo de 50 anos, a quantia seria provavelmente astronómica, representando uma enorme transferência de riqueza pública para este grupo restrito.

A obtenção de subsídios públicos e o uso de conflitos judiciais (provavelmente resultantes de contratos desfavoráveis ao Estado) para gerar indemnizações milionárias mostra a utilização cínica dos mecanismos legais para drenar fundos públicos. Atiram tanto contra os subsídios aos necessitados para esconder a "indústria" dos subsídios e Indemnizações aos seus amigos.

Vamos ao egoísmo que chama os outros de invejosos.

É uma inversão da realidade, um revisionismo online, é um mecanismo clássico de defesa psicológica e retórica. Ao invés de debater a substância da crítica (falta de transparência, concorrência desleal, uso indevido de fundos públicos), a crítica é desqualificada com uma acusação de motivação pessoal e mesquinha (inveja). Os "ladrões" são ardilosos, tal como na honra de alguns que se eriçam.

A acusação de inveja visa silenciar os críticos, descredibilizar a opinião pública e, sobretudo, desviar a atenção da origem da riqueza e do poder. Sugere que a crítica não é um ato cívico de defesa do bem comum, mas sim um desabafo de quem "não conseguiu o mesmo". A inveja é um argumento curto e desqualificador social a quem atinge na "mouche" os egoístas. A realidade na Madeira é de ausência de mérito universal no sucesso dos empresários do regime, foi suportado por apoios e ajustes estatais. O egoísmo (o desejo de manter o poder e a riqueza sem responsabilidade social) transforma a crítica ética e estrutural em simples birra pessoal. Felizmente temos Madeira Opina, mas e os madeirenses deixam-se ficar?

O sistema madeirense cria um teto de vidro para novos empreendedores. Se o sucesso depende de ter acesso ao círculo do poder e não de inovar ou competir no mercado, a mobilidade social e económica estagna. A fé nas instituições democráticas e no governo é corroída, pois o cidadão percebe que as regras do jogo são manipuladas. Os jovens talentos e investidores externos tendem a evitar ambientes onde o capitalismo de compadrio domina, procurando economias com maior igualdade de oportunidades. Alô Armas e Lidl.

A crítica não é sobre o sucesso, que é louvável numa economia de mercado, mas sobre a forma como esse sucesso foi construído, através da privatização dos benefícios do GR e da socialização dos seus custos (os invejosos pagam), culminando numa retórica de defesa que visa calar a legítima indignação cívica.

Noutra sociedade isto já tinha acabado. Para os bandidos que se instalaram com o poder, os que querem fazer os outros de parvos.

Tudo nesta terra é concessionado por várias décadas aos mesmos, teleféricos, vias rápidas, porto do Caniçal, ligação ferry ao Porto Santo, a Marina do Funchal com mais truques.