E u só trabalharei para empregadores capazes de reconhecer que a dignidade profissional não é um luxo, mas a base mínima de uma economia decente. Os setores que hoje vivem da exaustão — restauração, hotelaria, retalho, limpeza, segurança e serviços gerais — podem finalmente tornar-se espaços de futuro se aceitarem regras claras, justas e transparentes. Quem quiser o meu esforço terá de oferecer mais do que promessas vagas: terá de provar que valoriza quem mantém o país de pé.
Exijo formação contínua em higiene e segurança alimentar, atendimento e prevenção de riscos — porque ninguém nasce ensinado e nenhum negócio cresce sem trabalhadores preparados. Exijo um salário semanal de 369,23€, equivalente a 1600€ mensais, com horas extra pagas de forma séria: 1,5× na primeira hora e 2× nas seguintes, com valores definidos e progressivos. Só assim o tempo deixa de ser tratado como descartável.
O horário também importa: 6 horas por dia, 4 dias por semana, 24 horas semanais. Não se trata de preguiça, mas de lucidez — produtividade exige descanso, e descanso exige respeito. As férias seguem a mesma lógica: 29, 34, 39 ou 44 dias conforme o contrato, porque trabalhadores exaustos não constroem excelência.
Exijo 13.º e 14.º mês pagos a dobrar, descontos para segurança social, reforma e sindicato, seguro de trabalho, folgas rotativas cumpridas e horários respeitados. Quero progressão na carreira, hierarquias claras e gestores formados em liderança e gestão de conflitos. Um restaurante não é um feudo; é uma organização que só funciona quando cada função tem nome, lugar e autoridade.
Os contratos devem ser progressivos: 6 meses a 15,38€/h; depois 1 ano com aumento de 10%; depois 2 anos com novo aumento; por fim, contrato sem termo com valorização contínua, acompanhando o crescimento do salário mínimo. A estabilidade não é um favor — é um direito.
E, claro, despedimentos só com justa causa comprovada, com testemunhas e recurso a CCTV, mensagens ou e-mails. Transparência é a melhor proteção contra abusos.
Se estes princípios forem respeitados, trabalharei com empenho, rigor e orgulho. Se não forem, continuarei à procura de quem entenda que um bom trabalhador não se pede — conquista-se.
