Os falsos democratas


N o mesmo dia, conseguimos ver a Madeira a constituir uma comissão para as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril (link), acompanhado por um Manifesto que se assume como petição pública (link), e ainda aqueles que mais atentam contra a democracia a falar bonito para as massas, como se nada fosse com eles e como se, a eles próprios, não fosse vedada a liberdade de expressão para usufruir do regime. Vamos vendo como vão deixando o ónus em cima dos perseguidos em vez de acabar com quem persegue. São décadas com o mesmo modus operandi mas com novas caras. Queimam muitas e precisam de cada vez mais.

Na Região Autónoma do “défice democrático” é mais fácil criar perfis falsos do que dar a cara, ajustar contas com base em denúncias anónimas do que ser justo sem medo, votar por tradição do que em consciência e deixar para terceiros do que fazer o que nos cabe. Também por isso é que não tem havido alternância no poder regional. (link)

O dinheiro público é usado para "comprar" pessoas e silêncios, os subsídios compram as instituições e os jornais, os pilares da democracia são amolecidos com favores e ascendências, todos os dias há campanha eleitoral em favor do monstro hegemónico que amealhou durante 40 anos e criou uma corporocracia, onde partido, governo, parlamento, jornais, instituições públicas e privadas se confundem e trabalham com todos os "eleitos" e "elegíveis" para o grande desiderato do uníssono. Perfis falsos e denúncias anónimas são fruta da época, se mudar a época... a fruta é outra.

Um dia, se tudo isto ruir, teremos muitos "nazis" inocentes a ver as câmaras da "solução final", para aí acreditarem ou acabar a mentira. Veremos muitos ratos a abandonar o navio e a negar como Judas. Há muita gente no melhor de 2, 3 ou 4 mundos, mas garantidamente não querem os melhores para os lugares. Todos se colocam como lhes convém e já isso é um perfil falso, um fingimento, para assim garantir a sobrevivência, sinal de que nada está bem nem democrático. Portanto, cada um se adapta nesta Autonomia da tanga, onde o lugar à sombra do público é o único garante de não sofrer dissabores nas sucessivas crises.

Há muitos estatutos que aprenderão alguma coisa quando se virem na situação do Marques Bom, com o seu "sentido crítico", que disse a verdade e não o porquê, isso já foi ser gentil. Por isso, é preciso "enterrar" antes que seja tarde, por agora o que importa é o acessório, sobretudo um relator do uníssono na Comissão de Inquérito, mais uma igual à da Saúde com um Macedo ilibado por todo lado mas acusado pelo Marques Mau, enquanto mais um relator por encomenda. Um bom cartão de visita para a luta por melhor democracia (link), pelo Presidente mais despesita de sempre. O homem que já foi pela boa notícia, agora está pela boa democracia, devem ser ambas no bom sentido.

Para Marques Bom, mesmo com estatuto, foi crime cuspir no prato e não sustentar a narrativa da pureza do regime que já provoca engulhos pela maneira como nos tratam como parvos. Mas há outros e muitos, perseguidos e calados, ao longo de 4 décadas de Autonomia, ao estilo conhecido de assédio, de estragar a vida das pessoas, de perseguir no trabalho, por delito de opinião. Para ter o direito a opinar de forma livre é preciso anonimato, mas o que está errado é o anonimato. O jornalismo já se adaptou, se não podes com eles, junta-te a eles e, porque é assim, todos os outros que encontraram alternativa melhor são diabolizados. Para o jornalismo ser livre precisa de anonimato ...

Mas, nesta coisa de "melhor democracia" (link) e "liberdade de expressão", devemos fazer um paralelismo para se perceber como na Madeira não houve 25 de Abril e custou sempre muito a comemorar, deve ser por isso que a Madeira Nova é uma Velha com novos atores. Vou citar o trabalho de alguém que, com mais propriedade, descreveu aqueles anos parecidos com os que temos hoje em dia na Madeira:

Entre os anos 60 e a revolução de 1974, observa que a maioria dos jornais de referência se encontrava controlada por grupos económicos próximos do regime. Perante a necessidade de controlar os fluxos de informação, os governos investiram fortemente nos meios de comunicação estatais (televisão e rádio) e incentivaram os grandes grupos económicos a adquirir títulos de jornais e revistas, mesmo que estes não apresentassem grandes perspectivas de lucro. Tese de Doutoramento de Luís Filipe Martins pág. 162. (em anexo)

Constituição da República Portuguesa → Parte I – Direitos e deveres fundamentais → Título II – Direitos, liberdades e garantias → Capítulo I – Direitos, liberdades e garantias pessoais:

Artigo 38.º – Liberdade de imprensa e meios de comunicação social

O Estado assegura a liberdade e a independência dos órgãos de comunicação social perante o poder político e o poder económico, impondo o princípio da especialidade das empresas titulares de órgãos de informação geral, tratando-as e apoiando-as de forma não discriminatória e impedindo a sua concentração, designadamente através de participações múltiplas ou cruzadas. (link)

Portugal insular vai festejar o 25 de Abril continental. O político administrativo e as finanças regionais são mais uma estratégia de um mundo à parte, o melhor do 5º mundo. Comprarão toda gente se for preciso para continuarmos nesta democracia que mata o povo. Uma sondagem nacional bem fresca:

Enquanto democrata, mas não da tanga, vejo por esta sondagem que partidos tradicionais deixaram de ser partidos políticos e transformaram-se em gamelões. Naturalmente a Madeira deve estar à parte porque não sai notícia. Não julguem isto longínquo, estamos a assistir ao fim deste ciclo da República. Quando queremos festejar 50 anos do 25 de Abril, se isto continua assim de cinismos, Nova República poderá nascer a partir de um radicalismo alicerçado na falta de confiança do povo. Vem aí uma crise pior do que no tempo da Troika. Mas por cá é uma alegria com o PRR, também não sai notícia, deve estar tudo ok. O que não há mesmo é Recuperação e Resiliência, nem com dinheiro à vista.

A falta de confiança, os jovens a sair (não estão a enganá-los), o envelhecimento da população sem reformas e muito menos ganhos adicionais para enfrentar a crise, a falta de habitação e loucura da bolha, os baixos salários, diferenças abismais entre famílias protegidas a gravitar no poder e as outras com filhos a ficar em risco, nunca mais se conseguirá sair disto sem um pulso forte, que reconheça os melhores em vez da mediocridade. Mas para isso acontecer, a loucura dos eleitores um dia será real. Já esteve mais longe esse tempo. Cumpre-se a falência dos partidos tradicionais.

Obrigado por ler o meu texto até ao fim.

Enviado por Denúncia Anónima.
Quinta-feira, 26 de Janeiro de 2023
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