Decadentes


D e alguns anos para cá, o Instituto que era do Bordado, Tapeçaria e Artesanato passou a ser chefiado por uma série de "grunhos" que não conseguiram perceber que, para além da atividade económica (bordado e tapeçarias) em franca decadência, existia um património cultural e artístico a preservar. 

Primeiro, puseram a mão por baixo de empresas de aventureiros que, importando os bordados da China a partir de desenhos feitos aqui, são os grandes embaixadores do Bordado da Madeira. Neste momento, há bordados feitos por chineses a serem selados no Instituto cujos padrões de certificação baixaram abaixo de zero.

Mais, os senhores que tomaram conta do, agora IVBAM, fizeram tudo para rebaixar o artesanato madeirense e, sobretudo, o Bordado Madeira. O artesanato de vime foi afogado até deixar, praticamente, de existir; a tecelagem deixou de existir, com o encerramento das poucas empresas que a tinham por objeto; mesmo o setor do bordado, tirando o show-off de pretensos designers e criadores de moda que desaparecem rapidamente, sem deixar rasto, agoniza, salvo a milagrosa empresa que, acarinhada por todos, encontrou no extremo-oriente a mão de obra necessária para continuar a prosperar.

E os "grunhos" que tomaram conta do prédio que foi construído pelo Grémio dos Bordados, o qual segundo alguns, seria o único na cidade do Funchal que tinha fachada de Ministério, não satisfeitos com a destruição que já promoveram (a qual inclui a selvagem e vergonhosa destruição do modelo em gesso da estátua da bordadeira, da autoria do Mestre Anjos Teixeira, que se encontrava no sótão do edifício), ainda se permitem conspurcar a escadaria monumental em mármore, que se encontra no principal acesso ao edifício, com um varão de ferro. Só falta venderem a tapeçaria desenhada por Max Romer que se encontra no topo dessa mesma escadaria, aos retalhos para tapetes!

João Fernandes

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