Revolução Industrial e Fim do Lucro



Viva ao Correio da Madeira! Venho-vos escrever sobre estes dois assuntos: a Revolução Industrial e o Fim do Lucro

E m relação à Revolução Industrial (RI), estamos em plena 4ª RI, ou seja, já existiram 3 para estudar. Adivinhem: já houve quem as tenha estudado e descobriram um certo processo que se repete em todas elas e que se está a repetir outra vez, com aspectos ainda mais graves que nas anteriores.

A principal característica de uma RI é a evolução da máquina e a substituição do Ser Humano pela máquina no Trabalho. Desta forma, os efeitos são claros: a destruição de postos de trabalho que a criação não consegue compensar – desemprego em massa – muita oferta de mão-de-obra para a procura existente. Nesta 4ª RI, isso já acontece a um nível sem precedentes, só camuflado pela criação de postos de trabalho fúteis (não se metam com subjectivismos e relativismos, isto é objectivo, factual e científico), segundo um investigador português de uma universidade na Califórnia, que passou numa entrevista às 3 da manhã num canal de cabo, estão a ver… (lamento, não tenho o registo do nome do Senhor nem o link da sua entrevista, mea culpa).

Assim, com tais efeitos, repetem-se os erros pelas diferentes classes sociais: quem tem Trabalho para oferecer, realiza o leilão do trabalho: quem cede mais direitos para aceder ao Trabalho; os Trabalhadores, aqueles que dependem da venda ou aplicação da sua força de Trabalho, procuram soluções individualistas e de desenrasque, esquecendo-se que, individualizados, não passam de cabeça de gado. À margem destes, os que vivem de juros e rendas não cedem (receitas do Capital), bem como os políticos deixam andar, empurram com a barriga para a frente. Sabem que se falarem sobre tal, serão afastados do mundo materialmente burguês em que se encontram e ninguém pretende perder privilégios, né?

Ora, sendo o Trabalho definidor de uma sociedade, a RI (qualquer uma) transforma profundamente esta realidade material e concreta sobre a qual se erige a Ordem vigente (social, económica, política, jurídica, etc.). Assim, tais transformações profundas da realidade fazem com que, invariavelmente, tal Ordem fique caduca, obsoleta. E desmorona-se.

Exacto, eis a conclusão de qualquer RI: Revolução Social, que altera profundamente ou destrói a Ordem vigente, para uma nova que tenha correspondência com esta nova realidade material e concreta. Assim, a Revolução Social é uma questão de tempo, não uma questão hipotética.
Posto isto, verifiquemos, então, o fim do Lucro para vermos como se intercruza com a temática anterior.

Deixo-vos, desde já, um link para o texto de quem de direito, o economista Michael Roberts https://www.resistir.info/crise/roberts_20set20.html 

A ciência tem o seu tempo e andaram a verificar a validade desta lei durante tempos. Acontece que referiam que estas novas evidências apenas consumavam uma “tendência” para a verificação desta lei, não uma certeza científica. Daqui, outros economistas realçaram as contra-tendências, como as relações de cariz imperialista entre Estados e seus efeitos. No entanto, não verificaram um ponto essencial: o trabalho do economista Esteban Maito, que A. Roberts refere no texto do link suprarreferido.

Uma coisa é termos dados de 60 anos, outra é termos dados de um século e meio. Com o trabalho de Maito, consegue-se verificar a evidência desta lei de Economia Política, a mais importante lei da mesma, de acordo com o seu autor (um certo velhinho de barbas brancas, considerado quase unanimemente pela Doutrina como o maior contribuidor para a Ciência económica e social, consequentemente, para a Humanidade e sua Dignidade). Ora vejam:
Não é preciso ir a Coimbra para perceber o óbvio: confirma-se a lei que determina, com a evolução dialéctica do modelo económico capitalista e suas características intrínsecas, o fim do Lucro, o fim da Sociedade do Lucro. Com isso, o fim do Capitalismo, como seria o fim do Feudalismo ou do Esclavagismo (isto para terem ideia das origens do Lucro – a busca pelo excedente agrícola, depois do domínio da agricultura pelo Ser Humano).

Isto leva a que tenhamos que pensar num novo rumo no caminho da Humanidade - na construção de uma sociedade sem Lucro com base no princípio fundamental da nossa existência: a Dignidade da Pessoa Humana. Daí, a conclusão lógico-dedutiva: a inevitabilidade do Socialismo. Bem como muitas outras consequências, tais como a própria Igreja Católica reconhecer a Teologia da Libertação ou a confirmação da Economia Política como ciência imortal da Humanidade, forçando, por exemplo, universidades a fazerem marcha-a-ré no que diz respeito ao processo de redução desta ciência a livros com pó numa qualquer estante.

“Mas quem é este gajo? Está tudo grosso? A falar de revolução e socialismo? Não, nada disso! Vamos analisar as coisas de acordo com a contemporaneidade e… (introduzir pseudo-ciência, excesso de relativismo, má-fé, etc.)”

A quem formula este tipo de pensamento, deixo-vos um texto de Zizek: https://setentaequatro.pt/ensaio/o-que-nos-espera

Confirma-se, assim, aquilo que uma certa mulher (Rosa Luxemburgo, entre outros) já tinha dito há mais de um século – a escolha é simples: o Socialismo ou a barbárie. Essa barbárie já tem nome: Tecno-Feudalismo, a utilização desta nova tecnologia da 4ª RI para nos forçar a rumar a uma nova Idade Média.

Lembrem-se que uma foice é tecnologia, esta novel é diferente, com muito mais potencialidade. Se da foice está claro o seu uso, limites e virtudes da sua aplicação, nesta novel tecnologia não. A tecnologia não pode ser utilizada contra a Humanidade e a sua Dignidade, mas sim a seu favor. No entanto, a utilização desta novel tecnologia sem limites, sem noção dos seus efeitos potencialmente destruidores, com a dinâmica cada vez maior da competição instalada na sociedade humana, se nada fizermos, isto resulta na barbárie. 

Reparem como os efeitos desta nova tecnologia já afectam o Ser Humano (falo, por exemplo,  dos telemóveis inteligentes para gente cada vez mais estúpida, com QI’s inferiores aos antecessores – a primeira vez que isto acontece na História Humana – bem como problemas físicos derivado da falta de desenvolvimento motor, problemas de saúde mental, de sono, distúrbios diversos) no pensar e agir, no ter ou não ter condições físicas básicas bem como na promoção do medievalismo em diversas formas (até filmes e séries, claro), em que até existem iluminados que querem designar a Idade Média como uma Idade de luz em vez de trevas. E calma que a Inteligência Artificial com Robótica e capacidade bélica vai ser um mimo para a esmagadora maioria dos Seres Humanos.

Quem, como eu, a nível internacional, acompanha esta temática, aponta para que daqui a 10 anos cerca de 60% dos postos de Trabalho desaparecerão, substituídos pela máquina. Muitos já estão assustados, sendo apenas trabalhadores e vendo a olho nú este processo a acontecer. Porque estão assustados? Porque ainda vivem e pensam de acordo com o capitalismo. Se pensassem e vivessem no Socialismo, estariam contentes, pois a máquina no Trabalho dar-nos-ia mais Liberdade e Tempo, o mais valioso que temos, pois só vivemos uma vez. Enquanto uns olham para esta situação com medo, nós vemos um imenso potencial – é essa massa heterogénea de gente, desempregada e desamparada, que se revê no conceito de “Povo Soberano”, que quando se aperceber que é mais o que os une que o que os separa – aí estará o combustível para a ignição da Revolução Social. 

Até Stephen Hawking, físico, já nos avisou: é a propriedade e controlo dos meios de produção (tudo o que é usado para produzir valor, incluindo as máquinas) que vai definir a próxima sociedade e modelo económico. Se for privado, teremos a barbárie; se for colectivo, teremos Socialismo, total ou maioritariamente

Nós, integrantes do Povo Soberano Português, temos um especial papel, caso tenhamos arte e engenho para tal e assim o queiramos. Pois fizemos a mais bela Revolução Social da História da Humanidade, o 25 de Abril, que durou ano e meio. Com música e flores, sem mortos no lado deposto, com o Exército e Povo nas ruas. Daí nasceu um espírito, o espírito de Abril que é o espírito da Constituição. Este espírito nunca foi respeitado, foi sempre desprezado. Agora, terá que ser reactivado. Até porque, quando convocamos esse espírito, o Povo Soberano português é, sem dúvida, o (ou dos) que representa e materializa melhor o princípio fundamental da nossa existência, a Dignidade da Pessoa Humana. A alternativa que se desenha, se nada fizermos, será a utilidade da pessoa humana.
Agarrem-se bem nesta viagem e lembrem-se de um provérbio chinês – “Desejo-te uma vida cheia de mudanças e experiências”.

Para terminar, deixo uma série de referências que podem ser úteis:
Um bem-haja ao CM e que a Libertação do Ser Humano venha de uma vez!

Deixo a mais bela música revolucionária portuguesa:

Enviado por Denúncia Anónima.
Quinta-feira, 02 de Março de 2023
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