Maestrices e Gabarolices - desarranjos sinfónicos do Bailinho da Madeira


R ecentemente, numa breve passagem pela página de Facebook dum conhecido Maestro madeirense, líder da nossa mais conhecida orquestra, li uma publicação da sua autoria onde se gaba de “ser um madeirense de gema”, por ter feito um arranjo sinfónico do "Bailinho da Madeira" da autoria de João Gomes de Sousa, mais conhecido por “Feiticeiro da Calheta”. Mas isto é algum feito inédito, algo de bradar aos céus, digno de Gershwin, do Vitorino da Almeida ou do Puccini? Uma publicação cheia orgulho, auto congratulação como se nunca mais ninguém tenha feito isto cá na ilha ou no país.

Caso o senhor Maestro e seu grupo de seguidistas, alguns lambe botas, e alguns que não pescam nada disto, esquecem que Maestro José Calvário (entre outros) já tinha feito um arranjo a sério do Bailinho da Madeira, da sua cabecinha e não imitações baratas, nem brincadeiras de computador, com uma orquestra sinfónica ao vivo e a cores, falo duma tal London Symphonic Orchestra, corria o ano de 1988.

Já não bastam termos de suportar as piroseiras de acompanhar mal e porcamente cantores madeirenses em eventos onde destacam sempre a orquestra e o seu Maestro, que recebem um balúrdio do erário público para fazer sempre as mesmas tretas todos os anos e insistir em temas já mais que batidos, ainda vem com estes desarranjos copiados. Como já frisei, nos eventos com cantores da terra, salvo raríssimas exceções, a orquestra desse “madeirense de gema” em vez de fazer o seu papel de acompanhar, quer se fazer notar sobre as vozes. Quero relembrar ao senhor Maestro e demais divas, que sempre que a voz marque presença, é somente o instrumento número um, o resto vem a seguir.

Mas o referido Maestro não é único nestas andanças de copiar, uma vez, num espetáculo junto à ALRAM foi o tema “Noites da Madeira, por sinal muito bem interpretado pela Cristina Barbosa, o senhor teve a brilhante ideia de ir buscar o arranjo do seu antecessor, o célebre Massena, que por sua vez tinha feito uma cópia chapada do arranjo que o Maestro Nuno Feist  fez para o “Sol de Inverno” de Jerónimo Bragança e Nóbrega  e Sousa. Isto para não falar do facto de ter mandado pelas canas dentro ao impor a outro cantor madeirense a interpretação do tema “Imagine” três tons abaixo para não ter que escrever tudo de novo.

Estas e outras coisas são o corolário dum esforço titânico, de grande obra do Maestro, autor do “Ensaio Teórico sobre o Sequencialismo Alfatonal”, casado com as artes desde 1984. Este é também o exemplo do grande trabalho pedagógico da Escola das Artes, liderada pelo veterano Carlos Gonçalves e Companhia que com a sua visão estagnada nos anos oitenta tem lançado tantos talentos madeirenses dignos de virem a figurar nesta orquestra de estrangeiros, que só sentem bem acompanhar artistas de fora. A mim, e a tantos outros sempre que me falam da orquestra da Madeira, vem logo à cabeça a um conjunto de músicos dos países de Leste, alguns dos quais não tinham lugar nem para cavar um túmulo na Polónia ou Hungria, mas são destaques nesta orquestra.

Parem de enganar a malta que anda nisto há tantos anos, parem de andar por aí a pedir donativos, dizendo que vão oferecer a melhor música para todos, quando sabemos que não é verdade, alguns, não apenas eu, têm os olhos bem abertos e estão sempre prontos para denunciar estes esquemas.

Enviado por Denúncia Anónima
Terça-feira, 29 de agosto de 2023
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