C onfesso que me ri! Hoje o Presidente do IFCN num artigo lúdico no JM insinua que a culpa dos incêndios que assolaram a Madeira é exclusivamente das Alterações Climáticas. Malditas Alterações Climáticas que até tiveram honra no nome na anterior Secretaria Regional do Ambiente e Alterações Climáticas. É caso para dizer que é muito fácil sacudir o incêndio do capote!
E antes que lhe chamem nomes feios, o Presidente - que já mostrou que é uma pessoa muito esperta - vem dar o exemplo do Canadá, um País reconhecido por ter um grande ordenamento florestal, também ardeu. Com tais comparações, o leitor mais distraído é levado a concluir que não vale a pena reordenar a Floresta porque, faça-se o que se fizer, vai arder também! Para que se saiba, apenas em três anos, entre 2006 e 2016, os incêndios na Madeira devoraram uma área superior a 6000 hectares, ou seja, o equivalente a 50% da área total florestal da Madeira.
Para os que têm memória curta, em 2017, a então Secretária Regional do Ambiente e Alterações Climáticas anunciava a criação de 420 hectares de zonas tampão constituídas por árvores pouco combustíveis, como os Carvalhos, as Faias, os Loureiros e Castanheiros. Depois de se ver na Fajã de Ovelha uma zona tampão cheia de Carqueja e Giesta sem os tais Carvalhos e Faias ficamos sem perceber sobre o que foi feito.
Em 2022, a mesma Secretária Regional do Ambiente afirmou que a Madeira reflorestou mais de 800 hectares e limpou mais de 1600 hectares e que isso resultou numa diminuição de ignições. Ignições? Ao comum dos mortais cabe fazer a pergunta sobre o que tem a ver o número de ignições com a área ardida?
Diz a estatística que cerca de 98% dos incêndios têm origem criminosa ou em comportamentos negligentes como as queimadas, mas a causa da propagação desenfreada tem a ver com o tipo de combustível e a orografia, por isso o padrão da propagação de incêndios florestais na Madeira demonstram que, em alguns casos, a propagação dos últimos incêndios sugere saltos superiores a 2Km. Já alguém fez contas de quantos minutos precisou o Incêndio da Calheta para chegar ao Porto Moniz?
Como uma piada nunca vem só, entretanto o tal engenheiro do calçado apropriado veio defender a limpeza da floresta numa crítica implícita à gestão atual. Na verdade, já que o IFCN não limpa as florestas, o bom mesmo é contratar empresas privadas por uns largos milhões de euros para resolver o problema. Estranha preocupação!
Uma nota final de rodapé para o “obrigada” do artigo que indicia que o artigo foi escrito por uma senhora e não pelo Presidente do IFCN.
Enviado por Denúncia Anónima
Quarta-feira, 25 de Outubro de 2023
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