Utopia


S ir Thomas More, em 1576, publicou um livro que descrevia uma comunidade ideal situada numa ilha que cognominou como “Utopia”. O madeirense que acreditasse, piamente, nos responsáveis maiores da Madeira - Presidente do Governo Regional da Madeira e Presidente da Câmara Municipal do Funchal (indicado como sucessor do antecedente) -, deveria dar graças a Deus por viver na utópica ilha abençoada, onde tudo é calmo e pacífico e toda a gente está no melhor mundo que se possa imaginar. Todos os percalços (assaltos, agressões, suicídios e outros devaneios) são pormenores e os amanhãs são gloriosos. O PIB só cresce como o feijoeiro mágico do João, o povo não recalcitra, todas as manifestações são contra a República, esse ser nefando que não nos dá a mesada que exigimos para as despesas,

A verdade, nua e crua, é que vivemos na Madeira, uma distopia: o sonho autonómico carece de estrutura e linha condutora; vivemos de mão estendida à caridade de Lisboa e de Bruxelas, que nos vão aturando e, ao longo dos anos da Autonomia, foram apagando ou minimizando os nossos desvarios financeiros e as obras loucas que se lançaram para satisfazer os apetites dos oligarcas emergentes para quem o horizonte está na próxima fatura que possam apresentar.

O PSD, partido que dominou, desde 1976, esta “Utopia”, nunca foi capaz de apresentar, e fazer valer como lei, um sistema fiscal próprio que a Constituição da República permite. Destituído de base financeira consistente, ao poder regional só lhe resta esmolar transferências e fundos, sem intervir, com conteúdo e linha condutora, na economia regional. O que vai aparecendo, como neste momento acontece, é fruto das circunstâncias criadas a nível nacional e europeu, nas quais a influência do Governo Regional foi pouco mais do que mínima.

O Governo Regional, desde sempre, no que toca a orientações futuras só aposta na construção de infraestruturas públicas. Tudo o resto fica pela navegação à vista! Medrosa e, por força dos disparates cometidos em termos de contabilidade pública, bastante contida. À vista da costa!

Os raros projetos estruturantes noutras áreas que não a construção civil e obras públicas, acabam, invariavelmente, no cesto dos inacabados ou rejeitados. Com largos milhares de euros gastos em investigação, consultoria e formulários. É o que se antecipa para o recente deslumbramento com as Bitcoins.

No entanto, segundo Miguel Albuquerque e Pedro Calado, vivemos, como dizia o Cândido de Voltaire, no melhor dos mundos possíveis! A inenarrável oposição que temos, continua a estender-lhes o tapete, apresentando candidaturas eleitorais que nem o maior necessitado podem motivar. Resta o voto em branco ou nas franjas, apenas para que conste!

E continuaremos, até ver,  a viver nesta particular Utopia!

Enviado por Denúncia Anónima
Terça-feira, 23 de janeiro de 2024
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