N o Bananicultura III (link) abordámos um conjunto de questões cuja implementação depende do decisor político. Essas medidas permitiriam libertar verbas capazes de possibilitar, no imediato, um aumento do valor pago ao produtor.
Neste texto vamos abordar, dentro das opções de gestão, a cadeia de valor, pois tem grande impacto no preço que é possível pagar aos produtores.
A atual cadeia (Quadro 1) é demasiado destruidora de valor. Parou no tempo, ficou na era pré supermercados. Hoje, com inúmeras cadeias de distribuição, de várias marcas, não faz sentido continuarmos a entregar a totalidade da nossa produção a prestadores de serviço/distribuidores.
A entrega a prestadores de serviço/distribuidores, que colocam a etiqueta com a marca de origem e negoceiam unilateralmente o preço de venda do nosso produto, coloca-nos numa posição de extrema fraqueza/dependência. Ficamos completamente à sua mercê. É entregar o “ouro” a terceiros e ficar a aguardar, de mão estendida, sem qualquer capacidade negocial. A principal tarefa executada por estes (no continente) consiste em retirar toda a banana das caixas, voltar a escolher/desinfetar (mais desperdício pago), portanto, nova manipulação de modo a preparar a entrega às superfícies comerciais. Na Madeira, os produtores clamam por condições capazes de vigiar o processo de despenca, seleção e pesagem da banana, mas a re-seleção, que é feita fora da GesBa, nenhum produtor vê, por isso, ninguém contesta. O custo vem no montante que estas empresas depois pagam à GesBa…. O resultado final desta re-manipulação na qualidade é, por vezes, devastador: imagem. Compare-se com a banana dólar. Mesmo assim, a nossa vende-se a 2,95 €/Kg e a dólar a 1,28 €/Kg….
Esta tarefa poderia e deveria ser efetuada pela GesBa. No quadro 2 colocamos a questão:
As novas instalações foram mal projetadas: demasiado espaço para dependurar banana, pouco para a seleção e ausência de câmaras de maturação e refrigeração. Chega a parecer propositado…
A venda direta às superfícies comerciais iria permitir uma majoração nas receitas em cerca de 775 mil € no mercado local e de 12 milhões € no mercado continental (Quadro 3), num total de cerca 13 milhões €! Os cálculos apontam para encargos na ordem dos 3 milhões € para executar essas tarefas, amortizar o investimento e compensar perdas. Isto iria permitir aumentar os produtores em mais de 0,40 €/Kg, assumindo uma produção de 25,5 mil toneladas/ano. Este valor, mais o atualmente pago, acrescido ao que resultaria, se retirássemos da GesBa os encargos referidos no Bananicultura IV (link) torna possível pagar a banana extra a 1€/Kg.
Há, manifestamente, um conflito de interesses: os produtores contam cêntimos, o gestor (que é político) conta votos.
A GesBa só vai “endireitar” quando a sua gestão for entregue a alguém competente que, com autonomia, seja capaz de gerir com eficácia e eficiência os recursos humanos, a manipulação/expedição da banana e as vendas.
Ao responsável político pede-se “apenas” que supervisione a governança, evite aproveitamentos e verifique o cumprimento da lei.
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