É cada vez mais difícil segurar uma gargalhada ao ver os anúncios dos “grandes prémios” conquistados pelo regime atual. Divulgados com pompa e circunstância nos “pasquins de propaganda regional” — regados anualmente com 300 mil euros do dinheiro de todos nós — tentam convencer os mais incautos de que esta terra é uma bênção divina plantada no meio do Atlântico. Afinal, esta ilha tornou-se num fenómeno mundial de prémios encomendados e pagos a peso de ouro.
Tomemos como exemplo os tão badalados World Travel Awards do “Eduardo das Medalhas”, a cereja no topo do bolo. Por apenas 500 libras (cerca de 584 euros), qualquer entidade pode inscrever-se e garantir automaticamente uma nomeação. Multipliquem este valor pelo número de categorias e países e vejam quem realmente sai a ganhar com este esquema. Depois da nomeação, tudo pode ser negociado, caso a caso, para assegurar o prémio.
E o rigor do processo? Pois bem, da organização só se conhece um site. Quanto aos critérios, ao júri ou aos factores de avaliação, não há qualquer informação. Aqui, o segredo é mesmo a alma do negócio… deles, claro. Tudo tresanda a marketing balofo e fraudulento. Nada mais. O esquema é tão bem montado que os repetentes ficam com uma espécie de “cartão de fidelidade”: quem já foi nomeado ou premiado tem vantagens em nomeações futuras. Um luxo digno de um programa de pontos.
Já não surpreende ninguém os prémios arrecadados pelo “Eduardo das Medalhas”. Talvez por isso, este ano houve um toque especial: aproveitaram a cerimónia — realizada, por mera coincidência, num hotel que tem colecionado “prestigiados” prémios nos últimos anos — para lançar a narrativa do golfe como produto de excelência da Madeira. Porque, claro, se há algo que faltava neste rocambolesco espetáculo era mais uma tacada de propaganda para justificar os milhões de dinheiro público gastos, e que vão tentar gastar no futuro, para satisfazer os apetites imobiliários dos DDT — os Donos Disto Tudo.
Não sei bem qual das duas vertentes é mais ridícula: os prémios dos hotéis e turismo ou os prémios do golfe. Só a ideia de vender a Madeira como destino de golfe (com uns míseros três campos) e de destino de natureza, já devia ser suficiente para deixá-los a corar de vergonha.
Mas não! Lá estão eles, sorridentes, com aquele inchaço de imbecilidade, a posar para a fotografia depois de receberem um pseudo prémio de "destino emergente de golfe". Se não fosse tão ridículo e trágico, até dava vontade de rebolar no chão a rir durante horas.
Numa conversa recente com um amigo e colega que acompanha profissionalmente o circuito europeu e mundial de golfe, mal conseguíamos acreditar como é que alguém com o mínimo de noção e responsabilidade neste desporto pode participar e brindar a uma fraude tão descarada.
Se tudo isto ainda não bastasse, basta olhar para a qualidade do site desta entidade tão “prestigiada”, os World Travel Awards. Uma montra básica e amadora mascarada de sofisticação. No fundo, é o retrato perfeito de um sistema que vende ilusões a peso de ouro, que os de sempre aplaudem enquanto nós pagamos a conta. Até quando?
Fénix do Norte
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Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 25 de Novembro de 2024
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