Atónito.
N ada como um bom exemplo de “serviço público” à moda da casa, onde a linha que separa o interesse coletivo do interesse familiar é tão fina que mais parece inexistente. O protagonista desta novela? O ex-presidente da Câmara da Ponta do Sol e atual deputado regional do PSD, Rui Marques.
A cena é anedótica: a família toda reunida para receber uma carrinha novinha em folha para a Associação Avesso. Que bonito! Uma associação que, curiosamente, nasceu exatamente quando Rui Marques ainda era presidente da câmara e tinha, vejam só, a sua cunhada como chefe de gabinete. E quem são os responsáveis pela dita associação? A mesma cunhada e o seu marido, claro. Um verdadeiro exemplo de “meritocracia” familiar!
Não há como negar o talento desta família para as coincidências felizes. E depois querem que o povo acredite que tudo isto não passa de mera casualidade. A promiscuidade entre política e outros interesses atinge aqui um nível digno de estudo. Mas, na Madeira, estas práticas não só são toleradas como, em alguns círculos, até são aclamadas.
Mas a cereja no topo do bolo está reservada para outro capítulo desta brilhante carreira política. Rui Marques, deputado regional pelo PSD, é visto todos os dias numa obra para habitação a custos controlados na Ponta do Sol, financiada com dinheiros públicos através do PRR, onde dizem que manda mais do que o próprio empreiteiro. O mesmo PRR atribuído pelo governo regional do PSD, do partido que ele representa no parlamento. A obra, aliás, custa a módica quantia de 5,6 milhões de euros. Mas não se preocupem, não há aqui qualquer conflito de interesses! Deve ser só mais uma daquelas coincidências que perseguem Rui Marques como uma sombra. Aposto que dirá aos ingénuos munícipes que só anda lá a "deitar a mão", pelo progresso da região, pois claro.
Fica a dúvida: até que ponto um deputado regional pode estar envolvido na execução de uma obra financiada por dinheiros públicos sem que isso levante questões éticas e políticas sérias? Mas não vale a pena preocupar-se demasiado: na política regional, tudo se resolve com um encolher de ombros e um sorriso cínico.
Enquanto a população se debate com dificuldades e burocracias para conseguir apoios e melhorar as suas condições de vida, há quem continue a tratar a política como um negócio. E assim vai a democracia madeirense: moderna, sofisticada e convenientemente cega para quem sabe jogar as cartas certas. Parabéns, Rui Marques, pelo seu inegável talento para transformar a política num verdadeiro empreendimento familiar. Afinal, há quem diga que a família vem sempre primeiro!
Enviado por Denúncia Anónima
Quinta-feira, 30 de Janeiro de 2025
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