Bairros a morrer à vista: a Nazaré e o caos do Funchal.


A Nazaré, que já foi um bairro social de referência, está a definhar diante dos nossos olhos. Longe vão os anos 80 e 90, quando ainda conseguia respirar. Naquela época, a comunidade era vibrante e unida, e a zona ainda se expandia, com novas construções e um espírito de crescimento. Mas hoje? A Nazaré é uma sombra do que foi, e mais do que uma decadência visível, é um reflexo de um Funchal que perdeu o rumo.

A zona, uma das mais antigas e densamente povoadas da cidade, foi tomada por um caos de estacionamentos abusivos, com carros de trabalho, carrinhas e até camionetas a ocupar cada centímetro disponível. A Rua da Austrália, Rua do Brasil  e outras ruas vizinhas batem recordes de ocupação e de desrespeito. Os passeios desaparecem sob as rodas de veículos estacionados em lugares inadequados, e as faixas de rodagem são constantemente invadidas. Durante o dia, o trânsito já é insuportável, e à noite, quando deveria ser um alívio, a situação só piora, com um cenário de estacionamento descontrolado, como se ninguém se importasse.

A presença de mecânicos que usam as ruas como suas oficinas pessoais só contribui para o caos. Trabalhos mal feitos, motores a serem reparados na via pública e carros bloqueando o trânsito. Uma vergonha! E a isso soma-se a retirada de espaços públicos, como os parques para crianças e campos de futebol, que foram convertidos em estacionamento. Tudo para acomodar ainda mais carros, mas sem qualquer planejamento. E mesmo assim, o espaço nunca é suficiente. O bairro está entupido de veículos, e as pessoas são forçadas a espremer-se nas ruas, à espera de um lugar para estacionar.

Além disso, o tráfico de droga é uma realidade cada vez mais presente entre a Nazaré, Santo Amaro e a zona do Pico dos Barcelos, passando pelas Courelas. É um flagelo que já não pode mais ser ignorado. À noite, a rua transforma-se num cenário de alucinação, com a presença de pessoas em situação de consumo visível, completamente desamparadas e à mercê de um sistema falido. O governo assobia para o lado, ignorando a gravidade da situação, e o bairro sofre cada vez mais. O tráfico de droga, a venda ao ar livre, é uma vergonha que não pode continuar a ser escondida sob o tapete.

Nos anos 80 e 90, a Nazaré ainda conseguia expandir-se. A zona respirava, ainda se faziam novas construções, e a comunidade tinha um vigor que hoje parece impossível. Era outro tempo, outra mentalidade, mas hoje a realidade é que a zona estagnou. Claro, com as mudanças tecnológicas e as transformações sociais, o bairro, como muitos outros, foi ficando para trás. No entanto, o que se vê hoje é um bairro que não acompanhou os tempos.

Mas não é só a falta de renovação que prejudica a Nazaré. A retirada de espaços públicos, como parques infantis, zonas e desporto, para dar lugar a mais estacionamento, é uma das maiores vergonhas desta gestão. E mesmo com os espaços de estacionamento ainda em falta, o caos só aumenta. A situação está num ponto em que os moradores e trabalhadores da zona não têm mais onde deixar os seus carros. Carrinhas, camionetas e carros de grande porte, que deveriam estacionar em lugares próprios, estão por toda a parte, dificultando a circulação e tornando o bairro ainda mais insustentável.

A Nazaré, em vez de ser uma zona privilegiada do Funchal, transformou-se num caso de obsolescência. O bairro, que deveria ser modelo de convivência e revitalização, virou um centro de caos e desordem. A civilização chegou a um ponto insustentável, e é hora de chamar as coisas pelos nomes. A Nazaré está a morrer à vista, e o governo só assobia para o lado.

Enviado por Denúncia Anónima
Sábado, 8 de março de 2025
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