P orque é que uma má governação, a todos os títulos, sem serviços públicos para uma população cada vez mais pobre, com poder de compra a quebrar perante a carestia que sobre mais, uma governação que se dedica às suas clientelas partidárias, a braços com a justiça como na Madeira, mas bem sei que com a comunicação social toda a jogar por esse partido, ainda consegue ganhar à beira da maioria absoluta?
Este fenómeno de uma governação desastrosa, atolada em escândalos e favorecimentos a clientelas partidárias, mas ainda assim capaz de vencer eleições quase por maioria absoluta, tem explicação? Eu votei num partido da oposição, mas quero perceber os outros.
É que todos sabem o que vivemos, portanto quem é a favor, outem uma grande vantagem ou admite tudo. Que combinação de factores estratégicos e estruturais iludem o eleitorado. Não me digam que eu é que estou iludido, por ser desinteressado em esquemas?! Nesta nossa Madeira a realidade reflete a captura do espaço político por um partido que há décadas domina a região, beneficiando-se de mecanismos que distorcem a perceção popular e perpetuam o poder. Não tenho dúvidas nalguns, isto deixou de haver ideologias.
A máquina clientelar, ou seja, os votos presos por interesses, são a razão número um na minha opinião. O PSD-Madeira criou uma teia de dependência através do setor público e de subsídios direcionados a áreas que a oposição pode dominar. O PSD-M desbaratou com dinheiro as bandeiras da esquerda, porque alguns venderam-se. O eleitorado que depende direta ou indiretamente do partido (empregos, contratos, apoios sociais seletivos) receia mudanças que possam pôr em risco essa "estabilidade" (esta é a leitura correta da estabilidade pronunciada pelo PSD-M) artificialmente criada. Desta forma, mesmo insatisfeito, o eleitorado mantém-se fiel ao partido que lhe garante benefícios imediatos.
Sem dúvida, cada vez mais detesto a comunicação social que temos, deixou de fazer check and balance por mais fact-checks que faça, está capturada e dependente, depois armam-se em virtuosos. Que resultado querem com toda a gente capturada pelo regime e sem pessoas com coluna vertebral? A comunicação social é o "Monopólio da Narrativa". Na Madeira, a comunicação social está amplamente alinhada com o partido dominante, seja por interesses económicos ou por pressões políticas. Com a ausência de um escrutínio sério, os escândalos são minimizados, abafados ou desvalorizados, enquanto a oposição raramente tem espaço mediático para questionar ou apresentar alternativas. O eleitorado, exposto a uma única versão dos acontecimentos, acaba por acreditar que "todos são iguais", o que desmotiva a mudança. Por isso se paga MediaRam.
Mais do que nunca, o "cansaço" foi explorado com vista a apatia eleitoral, a estratégia da exaustão no eleitorado da oposição.
As más campanhas eleitorais, de propaganda e narrativas desgastantes que criam um ambiente de resignação servem o cansaço. Sabe aquelas negociações em que quem aguenta menos cede? Assim é com o voto, pois eles têm o aliciante da benesse. Muitos acabam por acreditar que "nada muda" ou que a oposição "não tem capacidade", levando assim à perpetuação do poder vigente. Esse cansaço eleitoral reduz a capacidade crítica da população e beneficia quem já está instalado.
A Justiça lenta e inconsequente também é culpada, gera a sensação de impunidade. Comparativamente com outras justiças, a Madeira já estaria a viver condenações, impossíveis de se desvalorizar Ainda que escândalos venham a público e alguns governantes estejam a braços com a Justiça, a morosidade dos tribunais impede que essas acusações tenham impacto eleitoral imediato. Ao arrastarem-se por anos, os processos acabam por ser encarados como "normais", e os políticos envolvidos até se vitimizam, alegando perseguição política. Sem condenações efetivas antes das eleições, o eleitorado não sente urgência em punir nas urnas. Este senhor, analista político Eduardo Correia, na noite eleitoral da NOW defendeu a teoria de que uma denúncia anónima é suja, o que seria da Madeira sem essa pequena arma?
Todos sabemos que o madeirense domina-se com medo, medo para tudo, até o medo da alternância em confronto coma a ilusão da estabilidade. Este eleitorado já reparou no buraco em que está? A narrativa dominante vende a ideia de que o partido no poder é o único capaz de governar, e que a oposição traria o caos ou a instabilidade. Este discurso, repetido incansavelmente, gera medo entre os eleitores, que acabam por optar pelo "mal conhecido" em vez do "incerto".
Quero ainda focar o papel da justiça e da sociedade civil, enquanto a Justiça não for mais célere e eficaz em responsabilizar políticos corruptos e enquanto a comunicação social continuar a funcionar como braço propagandístico do poder, o eleitorado continuará a ser manipulado. É fundamental que a sociedade civil pressione por transparência, independência da informação e uma Justiça menos vulnerável a pressões e dilações. Caso contrário, o ciclo vicioso da má governação continuará, sempre mascarado de vitória eleitoral legítima.
Uma última palavra para o Madeira Opina, tentaram vos calar e desde o Diário de Notícias querem exterminar a Opinião Pública, porque lhes é inconveniente (os amigos de Albuquerque), deste lado, a sociedade tem que vos dizer que admira o trabalho. Sem vocês não haveria escrutínio e contraditório. Não nos falhem.
É pena que o madeirense tenha poucos hábitos de leitura.
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