H á sempre aqueles que, num tom paternalista e condescendente, se autoproclamam os guardiões do bom gosto. São os que pairam acima do comum dos mortais, distribuindo lições sobre o que é “boa música” e decretando, com a segurança de um sumo sacerdote da arte, quem merece ou não vencer um festival.
O discurso começa apaziguador, numa tentativa de parecer racional e ponderado, mas logo se revela na tentativa de diminuir qualquer crítica à vitória dos NAPA. O clássico exemplo da falsa superioridade moral disfarçada de apreciação musical. A liberdade de expressão, claro, é válida — mas só até ao momento em que alguém discorda. A partir daí, qualquer opinião contrária passa a ser “mau perder” ou um ataque à música em estado puro.
Curiosamente, quando alguém discorda, o argumento muda. Afinal, o problema não está na música, mas sim nos “haters”, nesses ingratos que não compreendem a “honestidade e pureza musical”. O espetáculo, a envolvência, a comunicação com o público? Coisas menores, distracções mundanas. O que importa é a música em estado puro, dizem eles — como se música fosse só aquilo que encaixa no seu cânone pessoal.
E a cereja no topo do bolo? Os argumentos de café, lançados com a mesma força de quem bate com o copo na mesa depois de uma discussão acalorada: “A Eurovisão precisa disto!”, “Vocês não percebem nada!”, “Coçam-se numa parede de crespo!”. Sim, porque nada diz “superioridade moral” como terminar uma dissertação sobre música com uma metáfora de comichão.
Engraçado que este desabafo veio de um "enorme" cantor madeirense, que se queixa frequentemente do bullying de que é alvo. Mas ele põe-se a jeito, não é? Afinal, quem atira pedras com tanta força não se pode queixar quando uma lhes acerta de volta.
Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 10 de março de 2025
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