Os arquitetos de uma cena


U ma espécie de espetáculo fascinante da política! De um lado, temos o que eles chamam revoltados, aqueles que ousam desafiar a grande visão do líder supremo. Questionam, debatem, têm ideias próprias (um erro crasso, evidentemente). Indignam-se porque, pensam que um partido deve ser um espaço de discussão e não um clube privado de veneração. 

Mas, como em qualquer boa peça de teatro, eis que surgem os verdadeiros protagonistas: os arquitetos de uma cena. São mestres na arte do elogio estratégico, peritos em aplaudir até os maiores disparates com uma convicção digna de um prémio. O líder diz que o céu é verde? Pois claro, sempre foi! Há mudanças de rumo inesperadas? Brilhante estratégia! Contradições descaradas? Prova de genialidade tática!

E assim, enquanto os críticos são afastados como elementos “perturbadores”, os devotos vão subindo. A lealdade cega é recompensada, a bajulação transforma-se em moeda de troca, e a política segue o seu curso natural: um espetáculo onde o enredo nunca é sobre princípios, mas sobre quem melhor domina o jogo das aparências.

E no final, quem fica mal visto? Os que questionam, obviamente. Quem sobe? Os que sabem quando e como aplaudir. Afinal, política não é sobre governar bem, mas sobre saber a quem dizer “sim, chefe” com o sorriso certo.

E assim, entre palmadinhas nas costas e discursos de obediência, o destino vai sendo traçado. No dia das eleições, enquanto os bajuladores procuram desesperadamente culpados, a resposta estará nas urnas: perderam não só  porque o líder foi contestado, mas porque só ficaram aqueles que tinham medo de contestá-lo.

O céu não é verde, mas se calhar até fica

Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 10 de março de 2025
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