U ma sondagem interna, realizada por uma entidade privada e não divulgada oficialmente, aponta para uma mudança significativa no panorama político da Madeira, a poucos dias das eleições regionais de 23 de março de 2025. O estudo, conduzido entre os dias 10 e 14 de março, com uma amostra representativa de 1.210 eleitores madeirenses, revela um crescimento consolidado do Juntos Pelo Povo (JPP), que poderá tornar-se a maior força política da região.
Albuquerque em dificuldades: campanha extravagante não convence
Os dados analisados demonstram que a campanha de Miguel Albuquerque, marcada por um forte investimento em audiovisuais criativos, redes sociais e eventos, não está a surtir o efeito desejado. Pelo contrário, a sondagem revela que uma fatia significativa da população madeirense encara estas estratégias como excessivas e desadequadas.
A sucessão de escândalos que envolvem figuras do PSD-Madeira, associada ao desgaste natural de um partido que governa a região há quase cinco décadas, parece estar a pesar nas intenções de voto. Os inquiridos destacam uma crescente desconfiança nas estruturas tradicionais de poder, refletindo uma clara vontade de renovação política.
JPP cresce como movimento cívico regionalista
O JPP, liderado por Élvio Sousa, está a capitalizar esta vontade de mudança. O partido, que se apresenta como um movimento independente, regionalista e assente na proximidade com a população, surge na sondagem com 29,8% das intenções de voto, colocando-se muito perto do PSD-M, que regista 34,0%. Embora o PSD ainda lidere, o seu crescimento estagnou, e há uma tendência de erosão na reta final da campanha.
Segundo os dados recolhidos, a população madeirense parece privilegiar um modelo de governação mais transparente e focado nas necessidades locais, em detrimento de partidos tradicionais, associados a casos de corrupção e descrédito político.
O fator nacional: o PSD paga pelo desgaste do Governo de Montenegro
A situação política a nível nacional também contribui para este cenário. O Governo da República, liderado pelo PSD de Luís Montenegro, após rejeição da moção de confiança, atravessa um período de forte contestação pública, agravado pelas suspeitas de corrupção. O reflexo deste descontentamento parece estar a atingir o PSD-Madeira, dificultando a narrativa de Miguel Albuquerque de que tem toda a legitimidade para governar.
Sondagem reforça tendência de fragmentação parlamentar
A sondagem privada revela ainda que o PS mantém um desempenho fraco, não conseguindo capitalizar o descontentamento com o PSD. Com 19,1% das intenções de voto, os socialistas continuam sem uma proposta clara para a Madeira, perdendo espaço para o JPP.
O Chega, que em momentos anteriores parecia uma força emergente, regista agora um decréscimo acentuado, ficando-se pelos 6,4%, o que pode comprometer a sua relevância no novo parlamento.
Já o CDS-PP (4,3%) e a Iniciativa Liberal (2,1%) assumem-se como forças complementares no bloco da direita, podendo ser determinantes para qualquer cenário de coligação. O PAN (2,1%), por sua vez, mantém uma presença residual, enquanto partidos como o Bloco de Esquerda (0,7%) e a CDU (0,7%) continuam a ter dificuldades em reafirmar-se no arquipélago.
Projeção de mandatos segundo o método de Hondt:
- PSD – 16 deputados
- JPP – 14 deputados
- PS – 9 deputados
- Chega – 3 deputados
- CDS-PP – 2 deputados
- IL – 1 deputado
- PAN – 1 deputado
Governação incerta e risco de novas eleições.
Os dados desta sondagem apontam para um cenário de dificuldade na formação de governo. Com esta distribuição de mandatos, nenhum partido atinge a maioria absoluta de 24 deputados, tornando-se fundamental a construção de alianças.
Caso o JPP confirme o seu crescimento nas urnas, poderá reivindicar a formação de um governo alternativo ao PSD. No entanto, a viabilidade dessa solução dependeria de acordos com o PS e forças menores, o que poderá ser politicamente desafiante.
Por outro lado, o PSD poderá tentar negociar um entendimento com o CDS-PP e a IL, mas essa solução ficaria aquém da maioria necessária, obrigando Miguel Albuquerque a procurar entendimentos pontuais para garantir estabilidade governativa.
Se o impasse se prolongar e nenhum dos blocos conseguir formar governo, o cenário de novas eleições antecipadas poderá tornar-se uma realidade daqui a pouco mais de um ano, algo que muitos eleitores desejam evitar.
Vento de mudança na Madeira?
A poucos dias do ato eleitoral, esta sondagem privada a que tivemos acesso confirma que a Madeira pode estar prestes a viver uma das eleições mais imprevisíveis da sua história. O desejo de renovação política e a aposta num movimento cívico e regionalista como o JPP podem marcar o início de um novo ciclo político na região.
A resposta final será dada pelos madeirenses nas urnas, mas uma coisa parece certa: a hegemonia do PSD nunca esteve tão ameaçada como agora.
Nota do MO: tivemos acesso a esta sondagem, percebemos que o autor jogou com as "certezas" da sondagem, o intervalo onde (segundo a sondagem) é difícil de errar. Essa opção colocou de fora o 47º deputado que pode cair em alguns partidos. Sondagem é sondagem. Lembre-se, só votando confirma estes ou outros resultados. Alerta #1, Alerta #2.
Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 17 de março de 2025
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