E m São Vicente, a política ganhou contornos de novela, e António Gonçalves decidiu assumir o papel de protagonista... mas sem enredo. Num rasgo de inspiração, foi ao Facebook (link) desmentir as notícias do "Diário de Notícias da Madeira" que, pasme-se, nem sequer o acusavam de nada.
As notícias, para quem leu, relatam que um conjunto de militantes históricos do PSD de São Vicente, entre eles o vice-presidente da Câmara, uma vereadora, o presidente da Assembleia Municipal e três presidentes de junta, não aceitam que António Gonçalves seja o cabeça de lista do PSD para a Câmara Municipal nas próximas eleições. E que, se for, preparam-se para avançar com uma candidatura independente, já com financiamento garantido.
Ora, onde entra António Gonçalves nisto? Não entra. Mas não resistiu: correu a desmentir. Desmentir o quê? A vontade dos outros? O dinheiro dos outros? A liberdade de ação dos outros?
É caso para perguntar: desde quando é que António Gonçalves manda nas decisões dos seus camaradas de partido? Ou será que já se considera presidente antes de ser candidato?
Mas há mais. O principal apoiante de António Gonçalves é José António Garcês, o ainda presidente da Câmara, que dizem as más línguas, aproveitou os últimos anos de mandato para tirar alguns benefícios pessoais do cargo. Agora, para manter o controlo do concelho e o "status quo", Garcês aposta num jovem politicamente inexperiente, moldável, previsível. Nada como ter alguém novato na frente e manter a máquina de sempre a funcionar nos bastidores.
A estratégia é clara: António Gonçalves seria o rosto simpático da candidatura, enquanto o verdadeiro poder continuaria nas mãos conhecidas. Para garantir isso, já se aponta Paulo Santos, Chefe de Gabinete de José António Garcês, como o número dois na eventual lista de António Gonçalves.
Uma jogada de mestre: mudar tudo para que tudo fique igual.
No fundo, o episódio do desmentido é apenas o sintoma. Quando se tem de esclarecer algo que não nos diz respeito, é porque o receio já tomou conta. E o que António Gonçalves parece temer não é a verdade, é que os militantes de São Vicente já estejam fartos de serem tratados como figurantes num teatro de vaidades.
Em resumo: António Gonçalves desmente tudo… menos aquilo que realmente interessa.
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