Depois dos clubes, associações culturais, casas do povo, chega a vez da Igreja


À s vezes confundo o nosso bispo, com o advogado dramático e o propaganda cunha, de costas não sei qual dá a missa e qual faz a propaganda, mas todos de sotaina pregam bem a liturgia do poder, um conjunto de cerimónias e ritos que celebram os mistérios das vitórias eleitorais, depois de silenciar toda a gente com as mãos por trás das vestes. O propaganda cunha faz negócio disso, o pagamento deve ser um milagre só ao alcance do judicial, mas os outros dois não ficam atrás, o regime dá lucro, ou com casas ou com "obras".

O secretário geral da casa das sotainas é um artífice das obras, a liturgia dá e sobra obra para um arranjo ali, uma igreja acolá, um recolhimento para lá, como não seriam as outras profissões religiosas com esta abundância, sobretudo o islão de fila.

MO, o meu texto pode não ser popular, mas escrevo para aqueles que têm prazer em ler e não com a arrogância que sabe tudo e vota mal para o umbigo. A Madeira enferma exatamente da mesma promiscuidade histórica entre Igreja e Ditaduras. A Madeira é um "remake",

A relação entre a Igreja, especialmente a Igreja Católica, e regimes autoritários ao longo da história é um capítulo complexo e muitas vezes controverso da história universal. Vou escolher algumas...

Na Idade Média, quando a Igreja era o Estado.
Durante séculos, a Igreja Católica não só conviveu com regimes autoritários, ela própria era um deles! Só o Papa parece eleito... Mas, naquele tempo, o Papado tinha poder político directo sobre vastos territórios (como os Estados Pontifícios) e influenciava reis e imperadores por toda a Europa. A aliança entre trono e altar era evidente, os monarcas procuravam a legitimação divina através da bênção papal, e em troca, protegiam e enriqueciam a Igreja. Meus amigos, o nosso Presidente é um monarca, procurou a legitimação e as obras na Igreja vão aparecendo. Coincidências da Idade Média de outrora e de agora.

A Inquisição e repressão, fé a serviço do controlo.
A Santa Inquisição, iniciada no século XII, é talvez um dos momentos mais sombrios desta promiscuidade que falo. Sob o pretexto de combater heresias, a Igreja uniu forças com monarquias absolutistas para perseguir, torturar e executar dissidentes. Judeus, muçulmanos convertidos (marranos), cientistas e qualquer um que desafiasse a ortodoxia podia se tornar alvo. Hoje em dia, quem diz a verdade é sacrificado por toda a "trupe" do poder, parecem-se a Galileu Galilei, condenado em 1633 por defender o heliocentrismo, algo visto como subversivo para a ordem estabelecida. Mais coincidências.

Os séculos vão passando mas a tendência é sempre a mesma. No século XX, temos as alianças com ditaduras modernas. A promiscuidade ficou mais visível e mais desconfortável de se justificar.

Benito Mussolini (da Itália fascista)
Em 1929, o Papa Pio XI assinou os Pactos de Latrão com Mussolini, que reconheceram o Vaticano como Estado soberano e deram à Igreja privilégios substanciais. Em troca, o regime fascista ganhou legitimação moral e apoio eclesiástico. O nosso Presidente monarca sim lê a história, fica mais fácil enganar tanto parolo que aí anda sem referências.

Francisco Franco (o de Espanha)
Durante e depois da Guerra Civil Espanhola, a Igreja apoiou o golpe franquista e recebeu, em troca, um estatuto privilegiado, poder sobre a educação, a impunidade judicial e influência na vida pública. Os padres até abençoavam armas, as tropas tolera-se.

Este não precisa de apresentações, Adolf Hitler.
Embora a relação fosse mais tensa, o Vaticano assinou um Concordato com o Terceiro Reich em 1933, garantindo a liberdade da Igreja na Alemanha, mas limitando a sua crítica ao regime. Muitos católicos participaram no regime e houve um silêncio cúmplice frente a muitos horrores, especialmente o Holocausto. Ainda hoje há debates intensos sobre a postura de Pio XII durante a Segunda Guerra Mundial. Talvez tenha que ser mais claro aqui, a Igreja na Madeira é como o jornalismo, não desempenha o seu papal para esclarecer e defender o povo! Têm medo de denunciar e escrutinar, a pobreza afinal não é para combater mas fazer negócio.

Mas ainda temos as ditaduras militares na América Latina, tinha que lembrá-las por causa dos nossos luso-descendentes que também são pela orelhinha...
Durante os anos 60, 70 e 80, os regimes militares brutais tomaram o poder em países como o Brasil, Argentina e Chile. A Igreja teve um papel ambíguo: enquanto sectores progressistas (como a Teologia da Libertação) resistiam, setores conservadores colaboravam ativamente. Em muitos casos, padres e bispos fechavam os olhos, ou apoiavam, a torturas e desaparecimentos. Temos esse problema oftalmológico na Igreja da Madeira, fechar os olhos.

Mas porquê? A Igreja não aprende? Só prega? Porquê essa promiscuidade?

Eu quando ouço que as igrejas estão a ficar vazias penso nos interesses de sobrevivência e poder (em vez de confronto com regimes fortes). A Igreja sente-se fraca e prefere o poder que lhe pode dar alguma coisa, nem que seja a ostentação da "construção". Eu às vezes acho que ainda têm medo do comunismo, a Igreja que ainda vê os regimes de esquerda como ameaça existencial, preferindo apoiar as ditaduras de direita, que podem ser violentas, corruptas, o que for preciso. Eu não sei como procuram influência moral na sociedade, mesmo à custa dos princípios.

A Igreja nunca foi uníssona, há exemplos de esperança e coragem, apesar destas alianças questionáveis e tenebrosas, muitos religiosos e religiosas resistiram bravamente. O arcebispo Óscar Romero, assassinado em El Salvador, em 1980, denunciou a violência estatal. A Igreja viu o exemplo em que prisma, que morreu e é preferível estar com a ditaria, mas vivo? Na ditadura do Brasil, também houve padres e freiras das "Comunidades Eclesiais de Base" que apoiaram aos pobres e perseguidos. Durante o nazismo, também houve figuras na Igreja (e não a Igreja) a resistir à "loucura", Dietrich Bonhoeffer, um protestante próximo a círculos católicos foi um deles. Irónico...

Na história universal, a Igreja aparece muitas vezes com regimes autoritários, marcados por alianças de conveniência, silêncio estratégico e, muitas vezes, conivência moral. Mas também há luz nessa sombra, a coragem de fiéis que colocaram o Evangelho acima da estrutura de poder. É um legado ambíguo, que ainda hoje desafia a Igreja a refletir sobre o seu papel diante do poder.

Por cá, as igrejas podem estar reluzentes, o problema é a falta de exemplo que faz cada vez mais, cada um, viver a sua fé dentro de si. Daquele seminário também sai cada encruado que é um "benza-te Deus".

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