Comentário sobre esta notícia: Tabaqueira acaba com produção de cigarros nas fábricas de Berardo. 225 empregos em risco na Madeira e Açores (link)
A Tabaqueira teve uma decisão empresarial com impactos sociais e económicos profundos, especialmente nas regiões autónomas da Madeira e dos Açores. O fim do contrato entre a Tabaqueira (subsidiária da Philip Morris) e a Empresa Madeirense de Tabacos (EMT) representa mais do que uma reestruturação comercial: é um potencial golpe duro para cerca de 225 trabalhadores diretos e, segundo estudos, para um universo de cerca de 2000 pessoas ligadas de forma direta ou indireta à atividade da EMT.
A justificação da Tabaqueira, “contexto regulatório” e ausência de “racional económico”, mostra como decisões tomadas à luz de estratégias globais nem sempre têm em conta a realidade socioeconómica local. A produção será centralizada em Sintra, refletindo uma lógica de eficiência, mas deixando para trás uma empresa com mais de um século de história e um papel relevante no tecido económico insular.
Além disso, o timing da decisão, num momento em que decorrem negociações na União Europeia sobre novas regras fiscais para o setor do tabaco, lança suspeitas sobre uma possível estratégia de pressão sobre o Governo português. Ao pedir que o executivo intervenha em Bruxelas em defesa do setor, a Tabaqueira parece querer manter influência sobre a política fiscal, usando a situação da EMT como exemplo do que poderá acontecer se o quadro legal se tornar mais restritivo.
É legítimo que as empresas se adaptem aos mercados e leis. Mas também é legítimo que se questione se estas decisões, sobretudo quando afetam tantas vidas, estão a ser tomadas com sentido de responsabilidade social, ou apenas com foco nos lucros. O silêncio da EMT e da Fundação Berardo, seu principal acionista, também levanta questões sobre a transparência e a defesa dos interesses dos trabalhadores.
O caso da EMT deve ser acompanhado com atenção, não só pelas autoridades regionais e nacionais, mas também pela opinião pública. Porque mais do que uma fábrica de tabaco, está em causa o futuro de famílias, comunidades e uma parte da identidade económica regional.
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1 Comentários
O Advogado da Tabaqueira chama-se Fernando Seara, antigo presidente da Câmara Municipal de... Sintra. Isto tem o dedo da maçonaria a manobrar nos bastidores. Já que há um "sindicato dos oligarcas" madeirenses que abocanha a quase totalidade dos lucros da economia regional e impede o verdadeiro empreendedorismo (o falso advém do cartão laranja ou dos relevantes serviços de infiltração nos partidos da oposição), seria bom variar e assumirem este problema. Até porque com um incompetente na secretaria de economia um cenário positivo para quem depende deste trabalho não é algo que se preveja. ILMA 2.0?
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