S ou orgulhosamente "machiqueira" de quatro costados. Mas esse orgulho não me cega para a evidente falta de dinamismo económico e comercial de uma vila que outrora foi pujante, vibrante e cheia de oferta diversificada.
Vejamos: excluindo a Loja da Becas, a Elma’s, a sempre atafulhada Loja da Paixão e mais uma ou outra cujo nome agora me escapa, restam essencialmente as várias lojas de cidadãos chineses. Nada contra, se ao menos existisse uma oferta de maior qualidade e variedade. O centro histórico está, em grande parte, ao abandono ou descaracterizado. Na Rua da Estacada, por exemplo, a antiga papelaria do menino Tiago foi demolida por completo, quando poderia e deveria ter sido recuperada. Mais abaixo, a antiga sapataria da Isabel e o edifício contíguo são hoje pouco mais do que relíquias fantasmagóricas. E que dizer da Rua General Teixeira de Aguiar, com os seus vários prédios devolutos em tão poucos metros?
Saindo do adro da igreja, lá está o antigo Alberto’s, que em tempos oferecia moda diferenciada nesta cidade, hoje reduzido a expositor de motas e pouco mais. Indo em direção à Praceta 25 de Abril, o Facho, que foi o café da minha geração, encontra-se devoluto há vários anos. E poderia continuar: o declínio do Perestrelos, a demolição do Forte sem que haja qualquer perspetiva concreta para o espaço, ou mesmo um passeio pelas outras freguesias, onde não faltam sinais do mesmo abandono.
Quanto à limpeza urbana... fora do centro e das ribeiras, limpa-se sobretudo quando há eventos desportivos. É justo reconhecer que estes eventos foram, talvez, a única aposta bem-sucedida dos últimos 12 anos de governação.
Mas pergunto: o que fez esta autarquia pela qualidade de vida dos residentes? Pelos seus empresários? O que fez para preservar o nosso património natural e arquitetónico? Que incentivos criou para que os machiqueiros aqui se fixassem?
Um autarca deve ter sentido de missão e de comunidade. Deve orgulhar-se da sua terra, não apenas cuidar da sua própria “vidinha”. Deve ambicionar mais e melhor para os seus munícipes. Deve querer fixar a população à terra com condições dignas. E em Machico, o que se tem feito?
Deixo uma sugestão ao próximo executivo camarário: pense Machico como um todo. Preserve-o para as gerações futuras. Nem será preciso inventar a roda, bastará estudar os exemplos de sucesso e aplicá-los com inteligência e vontade. Só assim Machico poderá, enfim, recuperar um pouco da glória que já teve.