... até porque agora controlam o poder político. O resultado será a exclusão social, pobreza.
O s ricos têm um tratamento privilegiado na Justiça, porque podem pagar. Será assim na lavagem ou ocultação de dinheiro por governantes. Pela Madeira há uma aposta em criptomoedas, é o digital da mala de dinheiro de antigamente. Peguemos num exemplo para depois terminar com um facto em Espanha. Quem tem poder institui a lei para todos e as portas do cavalo para alguns.
Donald Trump tem uma abordagem multifacetada para enriquecer através das criptomoedas, combinando estratégias empresariais, políticas, etc. Lançou a memecoin $TRUMP (link), logo em janeiro de 2025, quando tomou posse, na blockchain Solana. Inicialmente, foram emitidos mil milhões de tokens, dos quais 200 milhões foram disponibilizados ao público e os restantes 800 milhões mantidos por empresas controladas pela família Trump. A valorização rápida da moeda aumentou significativamente o património líquido de Trump. Lembro que a memecoin do Trump começou com um valor de mercado baixo, 0,035 dólares, depois chegou a um valor de 72 dólares em poucos dias. Fazer dinheiro fácil...
Depois, a família Trump criou a plataforma World Liberty Financial, uma plataforma de finanças descentralizadas (DeFi) com o objectivo de oferecer alternativas aos sistemas bancários tradicionais. Permite empréstimos e transações peer-to-peer, com o objetivo de "democratizar" o acesso financeiro (fazem dinheiro fácil e depois emprestam). Esta plataforma está envolvida em parcerias internacionais, adquiriu uma participação de US$ 2 mil milhões na Binance com fundo apoiado pelos Emirados Árabes Unidos, utilizando a stablecoin USD1 desenvolvida pela WLF. Já perdeu o rasto do dinheiro?
Como presidente, Trump anunciou a criação de uma Reserva Estratégica de Bitcoin e um stock de ativos digitais nos EUA. Visam posicionar os EUA como líderes no setor das criptomoedas, aumentando a legitimidade e o valor dos ativos digitais associados a Trump. Claro!
A Trump Media & Technology Group, empresa de Trump, lançou a Truth.Fi, uma plataforma de serviços financeiros que planeia investir até US$ 250 milhões em criptomoedas e outros ativos. A Truth.Fi procura proteger os aderentes da censura e violações de privacidade, oferecendo produtos de investimento diversificados. Se perdeu o rasto do dinheiro, já perdeu o proprietário... Trump está a utilizar uma combinação de lançamentos de criptomoedas, plataformas financeiras e políticas governamentais para enriquecer no setor de ativos digitais. Quem vigia o autocrata?
Entretanto, em Espanha, apesar do recente episódio do apagão que parou os pagamentos digitais, o país vai dizer adeus ao dinheiro vivo. Quem retirar as suas economias de um multibanco, sem aviso prévio e até 150.000 euros terá multa. No recente apagão na Península Ibérica muitos espanhóis a tiraram o dinheiro por medo de que um ataque cibernético pudesse causar um problema ainda maior. Penso que é uma reação lógica. Ainda que se trate de poupanças próprias, a verdade é que levantar dinheiro não é algo que se possa fazer de ânimo leve em Espanha, principalmente quando o montante obtido ultrapassar um determinado limiar, a Autoridade Tributária pode multar, em alguns casos, podem chegar aos 150.000 euros.
O que vejo é que aqueles que prevaricam, vão continuar a prevaricar e vão provocar exclusão social.
O dinheiro digital, como pagamentos com cartão, apps bancários, carteiras digitais ou moedas digitais emitidas por bancos centrais, podem facilitar transações e reduzir custos (se bem que cada vez trabalhemos mais para os bancos com as APPs), mas também pode agravar a exclusão social.
Muitas pessoas, especialmente idosos, pessoas com baixa escolaridade, ou em zonas rurais, não têm acesso ou habilidades para usar smartphones, internet ou apps bancários. A migração forçada para meios digitais pode deixá-las sem acesso funcional ao dinheiro. Por exemplo, se os transportes públicos ou supermercados aceitarem apenas pagamento digital, quem não tiver smartphone ou conta bancária fica excluído.
Sistemas de dinheiro digital exigem muitas vezes uma conta bancária ou identificação formal. Pobres a pagar taxas e taxinhas dos Bancos com valor mínimo de depósito conta? Mas se falamos dos nossos, também temos as pessoas sem documentos, migrantes irregulares ou quem vive fora do sistema bancário formal podem ficar totalmente à margem da economia.
É evidente que se quer controlar o circuito do dinheiro, por causa dos criminosos e corrupção, o problema é que eles vão continuar a fugir e os pobres não! O euro digital ou yuan digital permitem o rastreamento total das transações. Mas e os ricos como Trump?
Reparem que deixando os pobres de lado e com a Inteligência Artificial a se implementar, o dinheiro digital pode levar a formas de vigilância financeira, por exemplo, impedir certas compras (por exemplo, álcool ou viagens). Restringir o uso em certas zonas ou horários. Penalizar comportamentos "indesejados" economicamente (como na China com o sistema de crédito social). O autoritarismo político está a crescer, as ditaduras a se cimentar, muito para lá da governação, basta ver as redes sociais.
Se o dinheiro físico deixar de ser aceite em lojas, serviços ou repartições públicas, quem depende exclusivamente de numerário (como pessoas sem-abrigo, idosos ou analfabetos digitais) perde autonomia e inclusão. Os pagamentos digitais muitas vezes dependem de empresas privadas (Apple, Google, bancos), o que pode implicar, cobranças de taxas sobre cada transação, bloqueio de contas sem aviso, uso dos dados financeiros para marketing ou manipulação comportamental. Através dos pagamentos estarão a estudar-nos.
Perdoem-se ter sido longo, mas espero que tenha sido interessante. Temos que manter o dinheiro físico como direito legal, acessível a idosos e grupos marginalizados, mas também acesso gratuito à internet e dispositivos básicos, moedas digitais públicas com garantias de privacidade e uso offline.
Olho no que a Autonomia permite e vão vendo o acerto da exclusão social de alguns filmes de ficção científica.
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