Gelado na Testa
E is que o universo político madeirense nos brinda, mais uma vez, com uma daquelas ideias que nos fazem duvidar se estamos a viver numa democracia ou num episódio particularmente absurdo do Gato Fedorento. Fala-se, em surdina, claro, como quem tem vergonha da piada que acabou de contar, que Jorge Carvalho, o eterno secretário da Educação, poderá ser o próximo candidato à Câmara Municipal do Funchal. Sim, leu bem. Jorge. Carvalho.
A escolha é tão inesperada como pôr um instrutor de zumba a comandar um submarino nuclear. Mas vá, injustiça seria não reconhecermos o currículo do homem: licenciado em Educação Física pela Universidade da Madeira, aquela fábrica de talentos políticos reconhecida mundialmente (ou pelo menos, no café da esquina). E há quem diga que ele foi professor... de ginástica. Físico forte, discurso fraco. E quando dizemos fraco, estamos a ser simpáticos. A dicção do senhor é uma espécie de feijoada de consoantes mal cozinhadas, ninguém entende nada, nem com subtítulos. Se há coisa que o distingue, é a capacidade única de transformar cada discurso num exercício de adivinhação fonética.
Mas o que falta em eloquência, sobra em... gaguejo. Jorge consegue começar uma frase, tropeçar na primeira sílaba e perder-se no nevoeiro até ao ponto final, que normalmente nunca chega. É como ver alguém tentar subir uma escada rolante ao contrário. Há esforço, mas falta direção. Ou coerência. Ou sentido.
E, claro, não podemos ignorar o pequeno pormenor: o homem faz parte da entourage política de Miguel Albuquerque, esse bastião de alegada (sublinhe-se alegada, vá que nos processem) transparência e integridade. Nada como um político que já carrega a mochila da suspeição para entrar numa corrida eleitoral. Porque, como todos sabemos, o eleitorado adora um bom escândalo para animar a campanha.
Portanto, preparem-se, funchalenses: em breve, poderão ter à frente da vossa câmara um senhor que mal consegue articular um pensamento sem tropeçar nele próprio, cujo currículo grita “professor de educação física que caiu num caldeirão de política por acidente”, e que faz parte de um governo que tem mais investigações que resultados.
Mas, talvez o plano seja mesmo esse. Afinal, se ninguém perceber o que ele diz, ninguém pode criticar. Estratégia genial.
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