O “rolha” do PSD Madeira e o símbolo da gula e da inércia


E stava eu a passar na Baixa do Funchal, prestes a tomar um café, perto de uma pastelaria gerida por cidadãos venezuelanos, ainda que eu, pessoalmente, não consuma os fritos que nos oferecem nesses restaurantes, quando reparei numa cena bastante ilustrativa do estado atual da política madeirense. Dentro de um desses estabelecimentos, encontrava-se o conhecido “rolha” do PSD Madeira, entregando-se avidamente ao consumo de fritos. Fritos e mais fritos. Um verdadeiro retrato da obesidade política e física que, infelizmente, caracteriza certos protagonistas da nossa vida pública.

Toda a gente sabe o que acontece a uma rolha quando cai ao mar: ela flutua. E esse é precisamente o comportamento do personagem em questão. Flutua no sistema, alimentando-se do que aparece, sem mergulhar nos problemas reais, sem afundar nas soluções, e muito menos trazendo alguma renovação.

Este mesmo “rolha”, que se tornou figura repetida nos cafés da Baixa, teve o seu momento de poder na Câmara Municipal do Funchal. E o que deixou como obra? Nada que se veja com clareza. O principal problema da cidade, o trânsito, que esteve sob o seu pelouro direto, permanece sem solução. A tão necessária Carta de Riscos do Funchal, fundamental para prevenção e segurança numa ilha com historial de catástrofes naturais, não foi implementada.

Hoje, enfrentamos temperaturas elevadas, com o arquipélago em risco de incêndios. E o que foi feito quanto à limpeza dos terrenos? Nada. Uma inércia total. O dito “rolha” flutuou quatro anos na Câmara, e agora parece estar a esfregar as mãos de contente com a saída abrupta do médico que liderava o executivo, talvez sonhando novamente com a presidência que já lhe escapou.

Mas esse sonho, por mais que flutue, continua cheio de gordura política. E aqui cabe uma comparação pertinente: o “rolha” do PSD Madeira sofre do mesmo mal que afetou a candidata Leitão à Câmara de Lisboa, recentemente vista também a comer bolos numa pastelaria lisboeta. Em política, a imagem conta. E os eleitores querem ver vitalidade, saúde, energia. Querem líderes que acordem cedo, estejam em movimento, que transmitam esperança e disciplina.

O que nos mostra o “rolha”? Mostra a gula. Um dos sete pecados capitais. Mostra o paradoxo da política sem conteúdo: alguém que come muito e faz pouco. E essa é a mensagem que o PSD Madeira parece insistir em passar, talvez até testando nas sondagens do Diário de Notícias se a estratégia do “rolha” ainda cola.

Mas connosco, caro “rolha”, não colará. Em ti, eu não voto, nem em ti, nem em qualquer nome do PSD Madeira. Porque, nesta ilha, já dois médicos bateram com a porta. E talvez o melhor que o PSD podia fazer era ouvir os médicos, como todos devemos. Porque a vossa porta também se prepara para fechar.

No fundo, o que o PSD Madeira oferece são rolhas, problemas e arguidos. E isso não flutua eternamente.

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