A Madeira é uma ilha que, para além das suas paisagens deslumbrantes, tem sido berço de inúmeras personalidades que brilham nas mais diversas áreas, do desporto às artes, da moda à política, da cultura à música. Estas figuras são verdadeiros ícones globais, que exportam talento e projetam o nome da ilha para além-mar com orgulho e excelência.
Na elite do desporto, ninguém fica indiferente ao nome de Cristiano Ronaldo, um verdadeiro embaixador mundial que começou a sua jornada na Madeira e conquistou o mundo com a sua determinação e talento inigualável. Catarina Fagundes foi a primeira atleta feminina portuguesa a competir em vela olímpica, abrindo caminho para gerações futuras. Marcos Freitas domina as mesas de ténis de mesa, enquanto Telma Encarnação representa a força emergente do futebol feminino português.
Nas artes, a ilha viu nascer mentes brilhantes como Bárbara Gil, cuja arte plástica e murais urbanos são embaixadores visuais da cultura madeirense, exibidos até em Tóquio. Manuela Aranha e Luiza Clode deixaram a sua marca como escultoras e educadoras culturais, impulsionando museus e serviços educativos, e enriquecendo o panorama artístico local e nacional. António Aragão, com a sua versatilidade, elevou a cultura portuguesa no século XX, enquanto Herberto Hélder, considerado o maior poeta da segunda metade do século XX, trouxe o surrealismo e a experimentação para o coração da literatura.
Na moda, Fátima Lopes brilhou como uma estilista internacional, levando a sofisticação madeirense às passerelles mundiais. E na música, figuras como Maximiano de Sousa, Tony Amaral e Luís Jardim comprovaram que a ilha é uma fonte inesgotável de talento, conquistando palcos internacionais e colaborando com estrelas globais.
No campo intelectual e religioso, o Padre José Tolentino de Mendonça, com o seu papel na Santa Sé e reconhecimento com o Prémio Pessoa, simboliza a profundidade cultural da Madeira. Vicente Jorge Silva, um jornalista irreverente e exigente, deixou um legado de liberdade e qualidade na comunicação social portuguesa, ao ponto de ter um prémio de jornalismo em seu nome.
E a história da ilha não esquece os seus pioneiros: Simão Gonçalves da Câmara, “o Magnífico”, que trouxe prosperidade ao Funchal; Nicolau Caetano de Bettencourt Pitta, que introduziu a imprensa na Madeira; e Harry Carvelery Hinton, o responsável pelo primeiro jogo de futebol em Portugal.
É claro que a Madeira é um celeiro de talentos e exemplos a seguir, mas, como em toda grande narrativa, existem também personagens cuja fama é... digamos, menos inspiradora. Falemos, por exemplo, daqueles que fizeram questão de se notabilizar mais pela sua capacidade de se envolver em arguidos processos judiciais, escândalos e controvérsias que nem uma tempestade atlântica conseguiria dissipar.
Miguel Albuquerque, Pedro Calado, Patrícia Dantas, Pedro Fino, Pedro Ramos, e o inesquecível Rogério das Finanças são nomes que certamente marcaram a ilha, mas, infelizmente, mais pela capacidade de ocupar manchetes por motivos pouco edificantes do que por conquistas dignas de orgulho. É quase como se a ilha, que já produziu poetas que recusaram prémios, escultoras pioneiras e campeões mundiais, tivesse decidido também treinar um elenco paralelo, especializado em "artes menos nobres".
Podemos até imaginar um concurso entre estas duas turmas madeirenses: de um lado, uma equipa de superestrelas que eleva o nome da ilha com talento, cultura e ética; do outro, um grupo de "astros" cuja especialidade é complicar a vida pública com investigações e suspeitas. A verdade é que, enquanto uns escrevem poemas eternos e ganham prémios internacionais, outros parecem competir pelo título de "melhor arguido do ano".
A Madeira, portanto, é um microcosmo fascinante da complexidade humana, capaz de gerar tanto o sublime quanto o ridículo, o imortal e o passageiro, o talento genuíno e o oportunismo deslavado. E enquanto uns nos fazem vibrar com orgulho, outros servem como fonte inesgotável de ironia para quem acompanha a política regional com uma pitada de humor.
É uma ilha de contrastes intensos: de um lado, estrelas que fazem brilhar o nome da ilha com talento, ética e paixão; do outro, figurantes que fazem da corrupção e dos arguidos uma novela que parece interminável, com a diferença que aqui não há final feliz à vista.
Terra de poetas, campeões, artistas e... políticos arguidos. Não fosse o humor, seria trágico. Mas, felizmente, rir de nós próprios ainda é o melhor remédio para esta comédia humana à beira-mar.
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