É com um profundo pesar que assistimos à recente partida de uma empresa madeirense, fervilhante de promessas de emprego e potencial para diversificar a nossa economia, que não resistiu à sombra avassaladora de um monopólio muito bem regado. A culpa? Dono e senhor da distribuição cervejeira regional, Miguel de Sousa, que, tal qual regente de uma orquestra viciada, concertou harmoniosamente com o Governo Regional para afastar qualquer concorrente digno do seu fado lucrativo.
Para quem ainda tinha ilusões de livre mercado nesta ilha, a realidade é nua e crua: a Empresa de Cervejas da Madeira (ECM), liderada por Miguel de Sousa, controla quase tudo no sector, da produção à distribuição, e até evita que marcas externas ganhem pé por aqui. Resultado? Qualquer hipotético investidor que quisesse abrir uma micro-cervejaria inovadora, gerar postos de trabalho qualificados e impulsionar a economia local, dá de caras com um muro imperialista: “Aqui, meu amigo, só vendes se eu quiser.”
O Governo Regional, que devia estimular inovação, concorrência e oportunidade, aquilo que o país continental apelida de economia de mercado, prefere fechar os olhos e fingir que não percebe a promiscuidade entre política e interesses privados. Como se nada fosse, assiste ao desenrolar deste teatro de marionetas em que quem puxa os cordelinhos é sempre o mesmo: Miguel de Sousa, com o beneplácito (e aplausos entusiastas) da maioria governamental .
E agora, cá estamos. Uma empresa madeirense, com ambição, inovação e vontade de criar emprego, sai da praça. Porquê? Porque os mecanismos que ajudam a impedir a concorrência funcionam… em pleno vapor. Temos um mercado fechado, uma economia estagnada e um povo que, numa bela ironia, está cansado de dizer “Viva a Madeira” enquanto a economia se asfixia à sombra de uma pequena oligarquia.
A grande comédia segue: o Governo diz que defende o interesse público, mas só se o interesse em causa for o do Grupo Sousa. Dizem que é “serviço público”, mas é, na verdade, uma pirâmide de conveniência que não deixa crescer ninguém que não carregue esse selo. Ao fim do dia, o povo madeirense acaba por lamentar oportunidades perdidas enquanto os amigos do rei engordam o seu poder – e a economia continua a estagnar.
O povo madeirense lamenta imenso a vossa saída Almirante! É uma pena termos este governo…
0 Comentários
Agradecemos a sua participação. Volte sempre.