A cultura da bajulação e a rejeição da crítica
O lá a todos. Gosto da plataforma para a qual escrevo e já vão saber porquê. Desvia-se da realidade alternativa consequência dos constantes superlativos e bajulação, forçada ou por convicção que se pratica na Madeira por conta do medo com origem num poder opressivo.
Num ambiente onde a bajulação é a norma, a crítica construtiva é frequentemente encarada como um ataque pessoal ou um sinal de deslealdade. Isso cria um ciclo vicioso. As pessoas sentem-se inibidas de expressar opiniões contrárias ou apontar falhas, temendo represálias, perda de oportunidades ou simplesmente serem ostracizadas. Este ambiente sufoca o debate saudável e a diversidade de pensamento. Temos um medo de expressar desacordo e sermos a ovelha negra no meio destes carneiros seguidistas.
Faz-me impressão jornais sem notícias que ameacem o poder, tudo contado para o objectivo ficanl de engrandecer um poder que afinal está caduco e incompetente. Quando a crítica é suprimida, os líderes e as organizações perdem o contacto com a realidade. As informações que chegam ao topo são filtradas e embelezadas, criando uma imagem distorcida do que realmente está a acontecer. Isso impede a identificação precoce de problemas e a tomada de decisões baseadas em dados concretos. Dizem que existe uma bolha imobiliária na Madeira, pois eu acho que há muitas mais bolhas, uma delas é a bolha da realidade alternativa, imposta por narrativas, jornalistas, dependentes e coro político no completo domínio das instituições na Madeira.
Fazer uma crítica na Madeira parece crime, tal como a opinião sincera, as pessoas muitas vezes chegam por cunha ultrapassando outros, exigem elogios e com as novas tecnologias disfarçam a incompetência. A busca incessante por elogios leva a que a bajulação se torne uma ferramenta para subir na hierarquia ou para obter favores. Os elogios deixam de ter valor genuíno e tornam-se meras formalidades, sem qualquer base na performance ou nos resultados reais. É a bolha dos elogios vazios por interesse de quem os faz ou comprados por um subsídio, evento ou pelos mercantilistas dos prémios.
Eu estou a sentir a degradação das capacidades por um lado e a insistência para não dar o braço a torcer pelos erros cometidos. A ausência de um sistema robusto de feedback e a aversão à crítica têm consequências diretas e prejudiciais. Se os erros não são identificados e analisados abertamente, as mesmas falhas tendem a repetir-se indefinidamente. Não há aprendizagem, e os processos ou estratégias que não funcionam continuam a ser aplicados, gerando desperdício de recursos e ineficiência. A alternância de poder, o fazer diferente nunca se fez na Madeira através do Governo Regional.
Umas das consequências da falta de crítica construtiva é a repetição de erros e a manutenção de pessoas incapazes nos lugares, encobertas por narrativas políticas, cobertura jornalística, mentalização do povo, por conta de necessidades básicas abusadas pelo poder. A bolha dos elogios, do belo e do trivial alimenta um povo incapaz de reverter a situação, porque está nas suas mãos e se a situação se mantém torna-se cúmplice.
Não só na Madeira, mas falo para aqui, num sistema onde a competência é secundária à lealdade ou à capacidade de bajular, pessoas sem as qualificações ou o desempenho necessário podem manter-se em posições de influência eternamente, na Madeira vão 50 anos. Reparem que gente incapz vive no medo de perder o lugar e sabotam tudo à sua volta, um incompetente semeia um deserto, uma pessoa valorosa tem o discernimento de saber colocar os melhores em cada função. Não tenho dúvidas que a realidade impede a ascensão de talentos mais capazes e prejudica a produtividade e a inovação. Exportamos os melhores para zelar pelos piores com muita lábia e proteção.
A inovação e vanguarda propalada, prospera num ambiente onde novas ideias são incentivadas e onde há espaço para questionar o status quo. Se a crítica é mal vista, a complacência instala-se, e há uma resistência natural a mudar ou a experimentar algo diferente, mesmo que seja para melhor. Há falta de inovação e adaptação porque nem o jornalismo ajuda, também ele com medo de perder algo de tão envolvido que está com o poder. É evidente que isto traz esgotamento e desmotivação. Quem fica, as pessoas que realmente se importam com o progresso e a qualidade podem sentir-se frustradas e desmotivadas num ambiente onde os seus esforços para melhorar são ignorados ou desvalorizados. Enquanto há lugar à desilusão e, eventualmente, a saída de indivíduos valiosos é consequência, mas atenção que sinto os melhores a se converter ao lado escuro, se não vai a bem e honesto, joguemos o mesmo jogo...
O que vou dizer é água no dorso de um pato, porque a Madeira só muda com uma derrota eleitoral do PSD-M que nunca muda, antes aproveita para fazer pior e saciar as ganância enquanto dura. A pergunta lógica é como mudar este paradigma? À boa maneira, parte-se do princípio de que mudar uma cultura enraizada na bajulação e na aversão à crítica é um desafio significativo, mas não impossível. Exige um esforço concertado e de liderança, coisa que não temos nem dá exemplo. Os líderes devem ser os primeiros a incentivar e a valorizar a crítica construtiva, demonstrando abertura ao feedback e agindo sobre ele.
Utópico? Então cria-se mecanismos anónimos ou seguros para que as pessoas possam expressar as suas preocupações sem medo de retaliação. Chegamos ao Madeira Opina, mudar a ênfase dos elogios pessoais para a análise objetiva de dados, métricas e resultados. Valorizar a honestidade e a integridade, mesmo quando a mensagem é desconfortável.
Pare de sustentar o absurdo, o popular e populista, pare de sustentar aqueles que sabem como apanhar, a cultura de bajulação na Madeira, como em qualquer outro lugar onde ela exista, é um grande entrave ao desenvolvimento e à melhoria contínua. Romper com esta "realidade alternativa" é fundamental para promover a transparência, a competência e o progresso.
Um bom domingo a todos e parabéns à plataforma.
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