A mão dá, a mão leva.


H á figuras na política regional que parecem ter desenvolvido uma capacidade de sobrevivência verdadeiramente notável. Tropeçam, falham, recuam, mas nunca desaparecem. Sobrevivem a tudo, como se estivessem politicamente blindadas. E não é por força de ideias, visão ou resultados, é por pura resistência estratégica ou, se quisermos ser mais diretos, por saberem sempre onde pousar quando a tempestade aperta.

A poucos meses das eleições autárquicas, começa a perceber-se quem está mais preocupado com o seu plano poupança-reforma do que com a missão pública. Basta ver como algumas movimentações surgem embrulhadas em publicações fofinhas, que parecem inocentes mas estão carregadas de intenções bem calculadas.

Recentemente, Paulo Cafôfo partilhou um conjunto de fotografias nas redes sociais (link). Entre imagens de família e sorrisos, surgiu a notícia da desvinculação de Rubina Berardo do PSD. Coincidência? Provavelmente não. Quando se coloca uma ex-deputada laranja entre retratos cuidadosamente escolhidos, o que se diz sem palavras é, muitas vezes, mais relevante do que aquilo que se escreve.

Quem anda atento sabe que o futuro político não se constrói agora. Começa a ser cozinhado muito antes, longe dos holofotes, nas conversas de bastidores.

Outro sinal curioso é o caso do agora deputado regional Gonçalo Leite Velho: familiar de Berardo, vindo do Bloco de Esquerda, sem qualquer histórico no PS-Madeira. Aterrou diretamente no Parlamento Regional, sem passar na casa partida. Coincidências?

Já sabemos como funciona: a mão que dá, também leva. E quando chegar o momento de cobrar, veremos o que será levado. Talvez um lugar numa fundação. Talvez um gabinete bem posicionado. Talvez apenas a promessa de que Paulo Cafôfo não terá de voltar à escola. No fundo, cada um com as suas prioridades.

O dia 12 de outubro vai ser, definitivamente, interessante.

Veremos quem vai virar a página, e quem vai permanecer no mesmo capítulo.

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