Arrebenta-Cars


D epois de instruírem vícios e safadezas aos turistas de rent-a-car, como circular por fora nas rotundas, vemos agora a consciência das rent-a-car que devem descaraterizar os seus carros, ausência de dísticos é uma delas, mas a condução manhosa ninguém lhes tira. Estão com medo de um levantamento popular?

A Madeira está a rebentar pelas rodas, e não é força de expressão. Os locais turísticos agora são parques de estacionamento, e cada vez se desmata mais para isso. Nunca se viram tantos carros de aluguer numa ilha tão pequena. É certo que o turismo é, e continuará a ser, uma das principais fontes de rendimento da região. Mas quando o número de Arrebenta-Cars ultrapassa o razoável, é legítimo perguntar: até onde aguentamos?

Hoje, basta dar uma volta pelo Funchal, subir até ao Curral das Freiras, ir ao Areeiro, 25 Fontes, Queimadas, Ribeiro Frio ou seguir até à Ponta de São Lourenço para nos depararmos com filas intermináveis de viaturas de matrícula "Z" a ocupar cada canto disponível, até os mais improváveis. "Z"... zona de guerra. O que antes era natureza e sossego, hoje é congestionamento e buzinas. É o “Arrebenta-Car” em modo literal e figurado, rebenta com a paisagem, com a paciência dos locais, com a sustentabilidade da mobilidade e, a médio prazo, até com a própria atratividade turística da ilha.

O modelo atual é insustentável. O excesso de oferta de Arrebenta-Cars parece funcionar à base de uma lógica predatória: mais carros, mais lucros, mas a que custo? O impacto ambiental é inegável. As emissões aumentam, o desgaste das infraestruturas acelera e o espaço público, que devia servir os cidadãos, é consumido quase em exclusivo pelos turistas e por uma frota que passa metade do tempo parada, à espera do próximo turista.

Pior: esta bolha afeta diretamente os residentes. Comprar um carro na Madeira tornou-se um luxo, graças ao desvio da oferta para o mercado de aluguer. Oportunidade, stock, poder de compra, fretes, custo, nada liga. Estacionar nas zonas urbanas é um desafio diário, especialmente para quem precisa do carro para trabalhar, alguns insistem em ir ao Resort Funchal. Até a qualidade de vida nas freguesias mais recônditas começa a ressentir-se, já não há recanto tranquilo onde não se ouça o motor de um carro alugado a engasgar-se nas subidas ou da bolha imobiliária. Vão ser todos ricos sem propriedade.

Não se trata de diabolizar os turistas nem os empresários do setor, mas sim de exigir visão estratégica. Eduardo Jesus talvez seja malcriado e ofensivo para esconder a incompetência. Poderia dizer porque não investir mais seriamente em transporte público eficiente e interligado? Por que não criar um limite realista para o número de Arrebenta-Cars ativos na ilha? Por que não fomentar alternativas sustentáveis, veículos partilhados (porque não ao anterior modelo de autocarro), etc? O problema é excesso e frequência, meteram demasiada gente aqui. Mas porquê saímos do nosso modelo de turismo que agora, aqueles que eram massivos, procuram? Somos um contraciclo à conta de "bardamerda", em largo espectro. Os "crânios" deste tempo parecem as obras marítimas, a Pontinha ainda lá está, mas as obras marítimas da Madeira Nova só deram barraca. O melhor slogan ainda é o velhinho Pérola do Atlântico, destruída por um incompetente.

O turismo não pode ser inimigo do território. A Madeira não pode continuar a crescer à base de quantidade, ignorando os sinais de esgotamento. Se nada mudar, corremos o risco de ver o paraíso que vendemos tornar-se inabitável, para quem vem e, sobretudo, para quem cá vive.

O fenómeno da explosão do número de Arrebenta-Cars, resposta natural ao crescimento do turismo transformou-se rapidamente num problema de saturação para os locais, para o ambiente e até para os próprios visitantes. Com milhares de carros de Arrebenta-Cars em circulação, agora a paisagem é toda ela urbana para vender a natureza à sua volta. Rural com carros e glutões das imobiliárias tornaram zonas outrora tranquilas em caos, tudo está sobrelotados, perdendo o seu encanto. O madeirense já nem vai. O fim da qualidade de vida e a sustentabilidade da ilha é instituído. Grande "bardamerda" tão cheio de si. Tudo cheio e caro.

“Arrebenta-Car” é, assim, um retrato de como o turismo mal gerido pode ultrapassar os limites do razoável, colocando em risco o equilíbrio entre acolher e preservar. É urgente repensar o modelo, basta demitir Eduardo Jesus e voltar às origens. Mas como com uma comunicação social que o "lambusa" diariamente com 2, 3 e 4 páginas de propaganda, promovidas pelos proprietários hoteleiros e partido alucinado?

Eduardo Jesus está a transformar a fama de bem receber em odiar. Escrevam, já não se pode! Carros do Eduardo... depois helis do golfe do Albuquerque. Dois vilhões embevecidos pelo "desenvolvimento" de algumas carteiras,

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