Duro e real: a habitação e os lares


É claro e evidente que o Governo Regional, instrumentalizado pelas elites à volta do erário público, beneficiou e se dedica a obras que infraestruturam a promoção imobiliária para ricos, como o campo de golfe da Ponta do Pargo e o novo túnel que vai da zona oeste para leste no Funchal, desde o "Dubai" até São Gonçalo, em vez de habitação social. Agora anuncia e faz propaganda com o dinheiro do PRR, para habitação social, mas não evita de já ter falhado e ter acordado tarde, só a força da Opinião Pública os fez arrepiar caminho, passaram anos distraídos, Este é um Governo que não governa para madeirenses, e a habitação está tão viciada pelas negociatas que até as cooperativas encaram a folia de construir para Alojamentos Locais. Tudo será Alojamento Local e Rent-a-Cars.

As casas estão inacessíveis e são uma forma do madeirense desaparecer daqui para fora, para a Europa com melhores vencimentos, supermercados mais baratos ou ao mesmo preço, lugar onde se consegue fazer vida e o GR agradece, para fazer show do pleno emprego.

Com os vencimentos que têm, perante a carestia que o GR provoca e empresários de regime que pagam mal, o madeirense não consegue aceder a casas de meio e um milhão, nem por arrendamento, onde luta contra habitações caras onde vivem 10 a 15 pessoas a pagar 200 a 250€ de forma ilegal, os cheap people, a alegria dos empresários da construção e hotelaria. Onde anda a fiscalização? São parte da máquina estatal contra quem é natural da ilha e vota?

Por outro lado, as altas problemáticas provam que ou as pessoas estão mal formadas ou têm fracos recursos para aguentar os idosos (link), lembro que muitas vezes são eles as âncoras da casa com a incapacidade dos mais jovens de fazerem vida.

Há demasiadas obras no terreno que não são para o bem estar dos madeirenses. A crítica à construção de projetos como o campo de golfe na Ponta do Pargo ou o túnel que atravessa o Funchal, por mim, são vistos como facilitadores de empreendimentos para um nicho de alto poder aquisitivo que contrasta fortemente com a crescente crise habitacional na ilha. A inacessibilidade da habitação é um facto incontornável para muitos madeirenses. Os salários médios, apesar de outro show de médias e estatísticas diluídas, não acompanham o vertiginoso aumento dos preços dos imóveis, impulsionado pela especulação e pela atração de investimento estrangeiro e do alojamento local. É a "briga" entre infraestruturas de luxo vs. necessidade social, é por aqui que vemos que temos um presidente de sangue azul que derivou para fora da realidade social, por muito que se faça próximo e popular com filmes na cozinha...

Há falta de um plano robusto de habitação social ou de mecanismos eficazes para controlar a subida dos preços imobiliários, o problema ainda está a crescer para pior, forçando famílias a viver em condições precárias ou a comprometer uma parte insustentável do seu rendimento para a renda ou prestação da casa.

Por outro lado, temos outra vertente de ter um lar, a precariedade do apoio aos idosos, uma realidade que muitas vezes é a consequência direta da má formação das pessoas, mas também do cenário de habitação e emprego. Não se esqueçam que os idosos muitas vezes enfrentam a gula das casas para alojamento local, quando são frequentemente a "âncora" da casa, uma experiência de muitas famílias. Com rendimentos mais estáveis (muitas vezes pensões), os avós tornam-se o pilar financeiro de agregados familiares onde os jovens lutam contra salários baixos e contratos precários.

Vivemos em impotência, em egoísmo, em gula, em desregulação e um governo corporativista para os seus usando dinheiro público. Os ricos incubados pelo PSD tornaram-se inimigos da população que nunca teve a atenção e o privilégio a não ser de trabalhar dia a dia. 

A ineficácia do sistema de lares e de cuidados a idosos é mais um esquecimento atempado de mais uma vertente da "habitação", dos idosos e sua condição, pode ser vista sob duas óticas:

  • As famílias, com poucos rendimentos, simplesmente não conseguem suportar os custos elevados de um lar privado.
  • A resposta do estado, através de lares públicos ou de apoio domiciliário, é por vezes inadequada ou com listas de espera prolongadas, o que deixa as famílias numa situação de vulnerabilidade.

Esta situação leva a que a responsabilidade do cuidado com os idosos recaia quase inteiramente sobre as famílias, que muitas vezes não têm nem os recursos financeiros nem a formação necessária para garantir um cuidado de qualidade, dentro do contexto em que era o próprio idoso a âncora. Isto é muito triste chegar à reta final da vida assim, e anda o Governo Regional em narrativas e a atirar culpas num governo que emprega inúteis e não faz o seu trabalho.

O problema da habitação e do emprego para os jovens reflete-se diretamente na qualidade de vida dos idosos, criando um ciclo de dificuldades intergeracionais, quando falha o idoso os mais jovens ficam impotentes e quase obrigados a ser desumanos. Isto não implica esquecer a critica sobre alguns que não fazem tudo o que podiam e encaram o idoso como um fardo. Que sociedade disfuncional ... Mas esta última faceta não é a regra!

Existe uma desconexão entre as políticas de investimento do governo regional e as necessidades primárias da população, resultando numa crise de habitação e num sistema de apoio aos idosos que se revelam inadequados perante a realidade económica da maioria dos madeirenses. E nos lares temos de novo negociatas de amigos do poder. É um retrato cru de um desequilíbrio social, onde as prioridades parecem estar viradas para o desenvolvimento de infraestruturas de luxo, em detrimento de uma base social sólida e inclusiva, em favor dos que votam e são naturais da ilha.

É daqui que nasce a completa loucura de não perceber para que estabilidade votam as pessoas. A frase não é política é suportada pela realidade!

Que o Madeira Opina nunca faça o grande jogo dos interesses para podermos falar!

Enviar um comentário

0 Comentários