Madeira: falam das embarcações mas não falam da pesca.

P or questões políticas, votos, vejo alguns partidos a iludir pescadores com embarcações enquanto a realidade piscícola está a mudar e mais, querem fazer crescer o número de jaulas de aquacultura na vertente sul da Madeira, porque há interessados, mas os existentes também aumentam sorrateiramente.

A comunidade científica e os pescadores da Madeira já notam mudanças nos ecossistemas marinhos, e a tendência é que o aquecimento do mar afete a pesca na região de forma significativa. Com o aumento da temperatura da água, espécies tropicais e subtropicais que antes não encontravam condições ideais no Atlântico Nordeste têm migrado para águas mais temperadas, como as da Madeira. Isto pode levar à chegada de novos peixes, alguns dos quais podem ter valor comercial, mas também outras espécies que podem afetar o ecossistema local, competindo com as espécies nativas por alimento ou espaço.

O principal impacto do aquecimento das águas na pesca da Madeira será na distribuição e abundância das espécies já conhecidas. Muitas espécies de peixes que são a base da pesca na Madeira, como o atum e o peixe-espada-preto, podem mudar os seus padrões migratórios. Com as águas mais quentes, tendem a procurar águas mais frias, deslocando-se para norte ou para zonas mais profundas. Isto torna a sua captura mais difícil e menos previsível para os pescadores locais. Algumas espécies podem não conseguir adaptar-se ao aumento da temperatura e à acidificação do oceano. Isso pode levar ao declínio das suas populações, afetando diretamente a variedade e o volume de peixe disponível para a pesca.

O aquecimento do mar afeta também o plâncton e outras formas de vida marinhas que servem de alimento para os peixes. As alterações na base da cadeia alimentar podem ter um efeito cascata em todo o ecossistema, prejudicando as populações de peixes maiores.

A Madeira, por ser um ecossistema insular, funciona como um "laboratório natural" para os cientistas, que conseguem monitorizar de perto os efeitos das alterações climáticas na biodiversidade marinha, o que torna o arquipélago um local crucial para o estudo destes fenómenos.