O s roncadores das motas e carros, a música alta no carro, no Lido, os veículos bala, os congestionamentos da rede viária, os trilhos e levadas atolados de gente, o estacionamento impossível, os silos e tunéis irrespiráveis, a corneta do padre como no islão, a persistência da venda ambulante de corneta no carro, gente a mais em todo lado, os que tiram prazer e que não respeitam o espaço pessoal dos outros, os que só os seus direitos contam, a falta de educação e civismo, a mentira como a verdade, o fingimento e a hipocrisia, entre muitos outros numa lista sem fim é um retrato cru de muitos dos atritos e tensões que se vivem nas sociedades urbanas, especialmente em locais com grande afluência.
Faz falta aulas de convivência humana, que elimine a falta de respeito pelo próximo, a falta de civismo e respeito pelo espaço público até à hipocrisia social.
Vivemos para o consumismo e superficialidade, o descartável é norma, cultura de comprar e deitar fora, onde a obsolescência programada e a procura constante pelo "novo" geram um volume insustentável de lixo. Ninguém adequa negócios, querem mais e mais sem fim, crescimento, controle e totalitarismo sobre o nosso vencimento.
A vida nas redes sociai é a apresentação de uma versão idealizada da vida, onde se procura por aprovação através de "likes" e "seguidores" as relações humanas autênticas e honestas. Mais isolamento e falta de comunicação quando se pensa que comunicamos. Cada vez há mais solidão no meio à multidão, um paradoxo de viver sem silencio nem calma para pensar, rodeado sempre de milhões de pessoas, o que a internet e redes sociais alcança, com os nossos e problemas dos outros, mas sentir um profundo isolamento e dificuldade em criar laços verdadeiros e falar das nossas coisas. Temos sobrecarga de informação, publicidade e estímulos que nos impedem de nos concentrarmos, de refletirmos ou de simplesmente desfrutarmos do silêncio.
Há falta de empatia e tolerância, há egoísmo. A incapacidade de ouvir, a tendência de impor a nossa opinião, em vez de ouvir e tentar compreender a perspetiva dos outros para encontrar um equilíbrio para todos. Todos querem ser vencedores com um pé sobre os outros, win-win só na promiscuidade.
Estamos na tribalização do pensamento, a polarização de opiniões em grupos fechados, onde o "nós contra eles" se torna a regra, dificultando o diálogo e o consenso. De gente que só quer alimentar os seus convencimentos e não encontra outros caminhos para o pensamento.
Estamos na impunidade e injustiça. A lei de dois pesos e duas medidas. a perceção de que a justiça não é igual para todos, onde uns são punidos por infrações menores enquanto outros, com poder ou influência, escapam às consequências dos seus atos.
Temos corrupção sistémica, o desvio de fundos públicos através do poder para benefício próprio ou da entourage, que mina a confiança nas instituições e impede o desenvolvimento equitativo da sociedade.
A vida em sociedade, apesar de oferecer inúmeras oportunidades, também nos confronta diariamente com a falta de respeito, de empatia e de uma ética social que parece estar a perder-se. Anda tudo louco e os governantes são maus exemplos, como que a sociedade escolhesse quem os conforte a manter este estilo de vida.
Tenho a minha idade e confesso que não gosto do que vejo para o futuro, a Inteligência Artificial será uma forma de escravatura, quem tem para pagá-la para sacar a escravidão dos outros para os seus lucros. Todos os pagamentos digitais será de novo a obrigatoriedade de dar lucros a quem os detém marginalizando pobres que não conseguem estar a esse nível de exigência. O futuro vai criar uma fronteira de altas parede e arame farpado entre dois tipos de seres humanos, os ricos e os pobres.
Estamos numa fase histérica e de pensamento ocupado para não ter discernimento em famílias disfuncionais. Muito ruído é a estratégia.
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