Violência doméstica em diferido nas TVs nacionais.


A violência doméstica é um crime que deixa marcas profundas e afeta não apenas a vítima direta, mas toda a família, a comunidade e a sociedade, e neste caso do bombeiro de Machico que agrediu a mulher também os colegas. Teve o mandato de prisão (MP) executado pela PSP e é um exemplo chocante de como este flagelo se manifesta, mesmo em pessoas com responsabilidades sociais.

Em Portugal, a violência doméstica é um crime público, o que significa que as autoridades podem e devem agir mesmo que a vítima não apresente queixa formal. A lei portuguesa é rigorosa e enquadra este tipo de violência como um dos crimes mais graves. O Código Penal, no seu artigo 152.º, prevê penas de prisão que podem ir até 5 anos, ou até 10 anos se a vítima for um menor, uma pessoa particularmente vulnerável, ou se resultarem consequências graves da agressão. A lei não faz distinção de género, reconhecendo que a violência pode ocorrer contra homens e mulheres.

As cicatrizes da violência doméstica vão muito além das agressões físicas. A vítima vive num estado de medo e ansiedade constantes, perdendo a sua autoestima e autonomia. No entanto, as crianças são talvez quem mais sofre com este drama. Mesmo que não sejam agredidas diretamente, são testemunhas silenciosas de um ambiente de terror. O trauma pode manifestar-se mais tarde, com problemas de comportamento, ansiedade, depressão e até com o desenvolvimento de tendências violentas, perpetuando o ciclo da violência nas suas futuras relações.

Um dos grandes obstáculos ao combate à violência doméstica é o silêncio da vizinhança. Por medo, por comodismo, por não quererem intrometer-se, as pessoas muitas vezes ignoram sinais de alerta. O ruído das discussões, os gritos, as tentativas de socorro, são muitas vezes tratados como assuntos privados. Este silêncio é cúmplice da violência e impede que as vítimas peçam ajuda ou que a ajuda chegue a tempo. É fundamental que a sociedade entenda que a violência doméstica não é um problema privado, é um problema de todos, tal como a Lei a tornou crime público. Foi feita para socorrer.

A violência doméstica tem uma origem complexa e multifacetada. Não se trata apenas de raiva momentânea, mas de uma manifestação de poder e controlo. Muitos agressores vêm de lares onde a violência era a norma, perpetuando um ciclo aprendido. A pobreza, o desemprego, o consumo de álcool e drogas são fatores que podem agravar o problema, mas não são a causa principal. A verdadeira raiz reside numa mentalidade de posse e domínio, onde o agressor se sente no direito de controlar a vida e as ações da vítima.

A violência doméstica é um problema que se combate com denúncia, com educação e com uma mudança de mentalidade. É preciso que a sociedade se levante e diga "basta", rompendo o ciclo de violência e dando voz aos que se calam por medo.

O caso do bombeiro chegou às TVs nacionais, aumenta o espectro do muito que vai errado na Madeira. Acabem com o registo de povo superior, precisamos e muito de nos "reformarmos" de uma arrogância da perfeição, dos superlativos e superioridade com tantos maus exemplos que temos. Precisamos de mudar, aprender e de retirar da ribalta gente que não é exemplo em lugares de destaque.

Não quero terminar sem dizer que alguns vivem deste problema, recebem subsídios e pouco fazem, a não ser usar o tema para aparecer...

Obrigado pela publicação.

Vejo que resistiram à tentação de publicar o vídeo. Muito bem.

Enviar um comentário

0 Comentários