Cristina Pedra: da cúmplice à denunciante.


A arte de lavar as mãos em ano de eleições: Cristina Pedra

E ssa mestra da alquimia política: transforma chumbo em ouro e corrupção em “gestão exemplar”. É de aplaudir, de pé, claro, a ousadia de autorizar o licenciamento da AL na cooperativa Cortel, emitido pela sua própria câmara, como quem assina um bilhete de saída da ética pública. Um feito de engenharia moral digno de manual: funcionários e serviços orgânicos da autarquia envolvidos até ao pescoço, e a senhora presidente finge surpresa, como se tivesse caído de paraquedas no seu próprio mandato.

E agora, num golpe de teatro barato, quando as luzes da ribalta começam a apagar-se e as eleições batem à porta, Cristina Pedra lembra-se, que timing divino(!), de fazer uma “queixa” ao Ministério Público. Que bravura! Que heroína! Pena que essa coragem não tenha aparecido antes, quando realmente importava assumir a culpa pelo ilícito que floresceu alegremente debaixo do seu nariz. 

Enquanto isso, os serviços de fiscalização e jurídico da CMF devem estar a treinar desculpas criativas, porque explicações, essas sim, têm muitas para dar. Mas convenhamos: nada como uma narrativa de última hora para tentar sair de cena como mártir em vez de cúmplice. No fundo, Pedra não é mais do que um espelho da política mais rasca: quando convém, assina; quando aperta, denuncia. Sempre com aquele ar de quem não tem nada a ver com o circo que ela própria montou. Bravo, senhora presidente, bravo, é preciso muito talento para transformar a própria omissão em ato de “justiça”.

Cristina Pedra elogiou o projeto, classificando-o como “robusto e de confiança”, destacando-o como exemplo a ser seguido na promoção de soluções habitacionais no município. (sobre a Cortel a 19 de dezembro de 2024) (link da CMF)

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