04/09/2025, 15:54:25 Conversas no Viola
Na Madeira, muita coisa importante não se decide onde devia ser. Muitas vezes, as decisões mais importantes são tomadas fora do público, em encontros informais. Um desses lugares é o restaurante Viola, em Câmara de Lobos. Lá, várias vezes por semana, juntam-se políticos, empresários e pessoas ligadas aos meios de comunicação. Quem costuma estar nessas reuniões são membros do clã Ramos, um grupo conhecido que tem muita influência na economia e na política da Madeira há muitos anos. Além deles, também participa o diretor do Diário de Notícias da Madeira. Não é ilegal que jornalistas e políticos se encontrem, mas quando o diretor do jornal se reúne regularmente com quem tem poder político e económico, isso levanta dúvidas sobre a independência da informação que chega ao público. Será que o jornal realmente publica tudo o que devia? O que se decide nessas conversas? Quais os interesses por trás dessas reuniões? Para que servem esses encontros frequentes entre quem manda na política, nos negócios e no jornal? Quando as mesmas pessoas estão em várias áreas de poder, fica mais difícil garantir que tudo seja transparente e justo. Na Madeira, onde o poder está nas mãos de poucos, é muito importante que as instituições e os meios de comunicação sejam independentes e estejam ao serviço das pessoas, não de grupos fechados. A confiança das pessoas nas instituições e nos meios de comunicação depende muito de sentirem que esses espaços funcionam com independência e equilíbrio. Por isso, é importante que essas ligações sejam acompanhadas com atenção. No fim, quem realmente manda? É uma pergunta que muita gente faz e de resposta fácil.
04/09/2025, 19:31:10 O Caso especial de Santa Cruz.
Há anos que ouço falar que a Câmara Municipal de Santa Cruz é a mais corrupta na Madeira. Agora que sou residente nesta terra, posso dizer que não é apenas um murmúrio. É a realidade. Temos muitos jovens nestas eleições. Cabeças novas, ideias inovadoras, que podem fazer com que Santa Cruz ande para a frente. Mas há um grave problema, o hábito da população. Quem vem a Santa Cruz, rapidamente percebe que as ideologias são ainda do tempo dos nossos bisavôs. É uma cidade muito ligada à terra, literalmente. O que deveria ser um motivo de orgulho. Contudo, há certos aspectos que não é possível de ver. O territorialismo é real. O alcoolismo é real. A falta de respeito, de noção, de saber estar com o outro é real. Os que vêm de outras zonas da Madeira, para criar e construir família nesta terra, não só é mal vista, como forçada a viver com constantes desrespeitos. Por alguma razão dizem que o Caniço não devia pertencer a Santa Cruz, pelas diferenças abismosas que existem entre quem é criado num e noutro. Santa Cruz não tem nada. Não tem gente competente à frente dos órgãos de serviço público. Não tem supermercados. Não tem funcionários de câmara que prezem pelo seu trabalho porque preferem passar o dia nas tasquinhas a beber umas frescas, enquanto a erva cresce. Não tem apoios a idosos. Não tem habitação nem lares suficientes. Santa Cruz não é cidade. Não o é por não o merecer. Seja que partido ganhe, boa sorte, mudar as mentalidades antigas é difícil. Santa Cruz já não vale o esforço.
04/09/2025, 21:29:59 Arnaldo Hernandez: A incoerência da “verdadeira mudança”
Nos últimos dias, temos assistido a declarações públicas do candidato Arnaldo Hernandez, que acusa os seus adversários políticos de aproveitamento da fé e das tradições da nossa terra. Criticou, em particular, a presença do candidato do PSD em cerimónias religiosas, classificando esse comportamento como “opportunismo” e “falta de respeito”. No entanto, o mesmo candidato foi apanhado a fazer precisamente aquilo que condena: participou no mesmo evento religioso na freguesia da Tabua, tocou o sino da igreja durante a missa e juntou-se à roda dos cantares populares, justificando a sua presença como membro do grupo folclórico da Ribeira Brava — quando, na verdade, a própria comunidade demonstra não o reconhecer como tal. Esta contradição expõe uma incoerência preocupante. Não se pode exigir dos outros uma conduta que não se pratica. É inaceitável usar o discurso da “verdadeira mudança” para esconder comportamentos que reproduzem aquilo que se critica. Os Ribeira-Bravenses merecem clareza, seriedade e autenticidade. A política local não pode continuar a ser feita de dois pesos e duas medidas. Se Arnaldo Hernandez pretende apresentar-se como alternativa, deve começar por ser coerente entre o que diz e o que faz. Afinal, como confiar em quem critica com uma mão e repete com a outra?
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