Entre o ridículo e o trágico: São Vicente entregue aos novos donos do nada


O dia 12 de outubro de 2025 ficará marcado como o dia em que São Vicente deu um tiro certeiro no pé. Não foi apenas uma má escolha eleitoral, foi uma escolha cega, precipitada, sem memória nem critério. Nem a CDU, com todas as suas contradições históricas, teria entregue o concelho a tanto amadorismo. Mas não, o povo de São Vicente, ou melhor, a maioria ruidosa e iludida — achou por bem entregar o futuro do concelho a um grupo sem rumo, sem preparação, sem passado político sério. Um verdadeiro salto no abismo.

Sim, estamos a falar do CHEGA. Ou, como muitos por cá já lhes chamam, os “Talibãs” da política local. Gente que confunde ruído com trabalho, insulto com verdade, arrogância com liderança. Entraram de rompante, aos gritos de “limpeza”, mas o que trazem é o caos, a ignorância e uma agenda pessoal mal disfarçada de “revolução”.

O mais irónico — e triste — é ver antigos apoiantes do PPD/PSD, que durante anos viveram à sombra do partido, cuspirem agora no prato que os alimentou. Falam com desprezo do partido que lhes abriu portas, que lhes deu tacho, visibilidade e até algum estatuto social. Agora, que têm a barriga cheia, rejeitam a mão que os puxou para cima. Memória curta ou conveniência descarada?

Há muita gente em São Vicente que se esquece — ou finge esquecer — que só está onde está por causa do PPD/PSD. Sem o apoio do partido, muitos dos que hoje andam de peito feito ao lado dos “Talibãs” seriam meros figurantes, sombras esquecidas nas esquinas do concelho, à espera que a sorte lhes sorrisse. Mas não. Subiram, foram servidos, e agora cospem com gosto. Curioso é que a maioria só se “revoltou” quando deixaram de ser chamados para favores, ajustes e empregos de ocasião. Coincidência? Claro que não.

Quanto aos eleitos do CHEGA, os “novos senhores” de São Vicente... que dizer? Uma triste amostra da falta de critério do eleitorado. Não sabem escrever. Não sabem falar. Não sabem governar. Uma sucessão de erros gramaticais, discursos vazios, promessas populistas e uma atitude de arruaceiros de feira. O nível desceu ao ponto de se confundir política com espectáculo de má qualidade. A política tornou-se circo, e os palhaços estão em palco.

Quem os elegeu, vai arrepender-se. Não agora — porque agora ainda existe a ilusão do “novo”, do “diferente”, do “contra o sistema”. Mas mais tarde, quando precisarem de resolver um problema, pedir um apoio, melhorar um serviço. Aí perceberão que trocaram o cavalo por um burro. E aí será tarde. Já fostes!

Mais grave ainda é ver a hipocrisia destes “moralistas de ocasião”. Os mesmos que espalharam boatos, que destruíram famílias com mentiras e difamações, choram agora por serem “ofendidos”. Chamaram nomes, inventaram histórias, sujaram reputações no esgoto a céu aberto que é o pasquim local — o dito “Jornal de São Vicente”. E agora querem dar lições de moral? Poupa-nos! Quando foram chamados pelo que são, ofenderam-se. Mas antes disso, vomitaram lama sobre tudo e todos. A velha história do cão que morde mas não gosta de ser mordido.

Os “Talibãs” ofendem, berram, insultam — mas não admitem ser confrontados. Vivem numa bolha de vitimização constante. Fazem-se de mártires, mas agem como tiranos. Não aceitam críticas, não debatem ideias. Só sabem destruir, gritar, atacar. São o retrato perfeito da ignorância com megafone.

E não, isto não é um exagero. Basta assistir a uma reunião pública, ver uma ata, ler um post nas redes sociais — se conseguir decifrar o português mal escrito, claro. Estes novos protagonistas não têm qualquer domínio da gestão pública, da legislação autárquica, do funcionamento básico de uma câmara. São um desastre anunciado. São Vicente está entregue a um grupo sem qualquer preparação técnica, sem idoneidade moral e sem educação básica. E quem vai pagar o preço? Todos nós.

O que se passa em São Vicente é mais do que uma crise política. É uma tragédia cultural, educativa e cívica. É o triunfo da ignorância sobre o bom senso. Da raiva sobre o raciocínio. Da mentira sobre o mérito.

Enquanto isso, os oportunistas saltam de partido em partido, conforme sopra o vento. Hoje vestem de azul, amanhã de preto, depois vermelho se for preciso. São os “cata-ventos” do concelho. Gente sem coluna, sem ideologia, sem vergonha.

É preciso dizer basta. Denunciar. Apontar o dedo. E sobretudo, lembrar: isto não é política. Isto é palhaçada com consequências graves. Quem votou neles, assumirá essa responsabilidade. Mas quem ainda tem memória, quem ainda pensa pela sua própria cabeça, que não se cale.

Porque São Vicente merece mais. Muito mais do que este deprimente espetáculo.