Na Madeira, a política usa a Igreja para campanha eleitoral.


S ó mesmo o Madeira Opina para se dizer as coisas como são, às vezes tão evidentes que a cegueira da fé não atinge, é como os carros em cima do Largo do Município para ir à Igreja, os fiéis também são esquemáticos e usam a Igreja para ter estacionamento às portas do culto. Mas venho falar de políticos e Igreja.

Se o sujo, esquemático, corrupto e fugido da lei quer se branquear participa na procissão, vai à missa com ar angélico. Se quer ser bom pai de família vai ao programa da televisão. As empresas de comunicação ou partido organizam e a Igreja e a comunicação social (TVs) cedem, afinal estão para ganhar dinheiro.

O uso de espaços e figuras religiosas para fins políticos é um fenómeno complexo e historicamente enraizado em várias culturas, e a Madeira não é exceção. Só não tivemos ainda o político que tem um chamamento de Deus. Ao longo do tempo, a apropriação da Igreja para campanhas eleitorais, de forma subtil ou explícita, tem sido uma constante na paisagem política do arquipélago. A Igreja está sempre junto dos regimes em Portugal e parece que quanto mais sujos, mais se colam. Em não entendo este exemplo de conivência quando têm a Bíblia e os mandamentos. Será por causa das obras?

A influência da Igreja Católica na sociedade madeirense é profunda, já foi mais, mas alguns ainda acham que só existem "santos" no sacerdócio. Lá vão moldando não apenas a vida espiritual, mas também a vida comunitária e social. Esta forte presença faz com que as paróquias e os seus representantes sejam vistos como centros de autoridade e pontos de referência, o que os torna alvos de interesse para os partidos políticos, sobretudo do PSD que já teve gente nas leituras e nunca mais forma visto, porque estavam em campanha, teve um que até se substituiu ao padre num enterro, felizmente também enterrado políticamente. Depois há os sonsos da procissão. A proximidade dos sacerdotes com as populações e a confiança que inspiram podem ser usadas para veicular mensagens políticas, muitas vezes disfarçadas de apelos morais ou sociais. Alguns são descaradamente de um partido. Mas a Igreja já esteve mais forte, isso vê-se pelas festas, assemelham-se à Festa do Chão da Lagoa, também com gente homologada.

Historicamente, o abuso manifesta-se de várias formas, pelo púlpito como palanque, os sacerdotes que, durante a missa ou outras celebrações, fazem comentários que, embora não nomeiem partidos, promovem indiretamente certas ideologias ou condenam outras, influenciando os fiéis.

Existe a aproximação de candidatos, a participação ativa de políticos em eventos religiosos, procissões e festas de paróquia, não apenas como crentes, mas como figuras públicas que procuram visibilidade e a aprovação tácita da comunidade eclesiástica. Parece um win-win, o político embevece os fiéis que julgam a sua presença um destaque à paróquia.

Há acordos de bastidores, a utilização de terrenos, edifícios ou estruturas da Igreja para eventos políticos, a troca de favores (apoio financeiro a obras de restauro e nas igrejas em troca de apoio moral) e a influência na nomeação de cargos. Opus Dei.

O caso mais recente e notório que ilustra este problema envolve o PSD Madeira, partido que governa a região por quase 50 anos. As suspeitas de uso da Igreja para fins eleitorais tornaram-se particularmente evidentes durante a liderança de Alberto João Jardim e, mais recentemente, de Miguel Albuquerque.mEra comum a organização de jantares e encontros com sacerdotes e comunidades religiosas, que embora fossem apresentados como eventos de convívio, serviam para consolidar alianças e pedir apoio. A estratégia passava por mobilizar a base de fiéis, apresentando o partido como defensor dos valores cristãos e, por contraste, pintando a oposição como uma ameaça a esses mesmos valores. O objetivo era garantir o voto das pessoas mais conservadoras e com forte ligação à Igreja.

A rusga sobre a corrupção que levou à demissão de Miguel Albuquerque revelou a dimensão do problema. Foram detetadas conversas em que se fazia referência a um alegado financiamento de obras em paróquias em troca de apoio político e eleitoral. Este tipo de transação, se comprovada, demonstra como a linha entre a fé e a política se dilui, transformando a Igreja numa peça instrumental do xadrez político.

O recente falecimento do bispo emérito mostrou os políticos em peso e uma notada indiferença de muitos crentes. Há histórias que fazem mossa.

Há necessidade de uma separação clara entre a Igreja e o Estado, e de mecanismos de fiscalização que garantam que as instituições religiosas não são instrumentalizadas para fins políticos, preservando assim a sua integridade e a liberdade de voto dos cidadãos.