A utárquicas, o Bloco de Esquerda, um partido com quase nenhuma representação autárquica, vê a sua líder a se preocupar com o show de uma viagem a Palestina, que todos sabemos como vai acabar, em vez de se preocupar com estas eleições (autárquicas), que estão poucas semanas de distância. A Palestina é importante, mas o compromisso do Bloco de Esquerda é primeiramente com Portugal, correm o risco de desaparecer ainda mais do plano político nacional.
Muitos consideram isto uma falha estratégica do Bloco de Esquerda. A prioridade de qualquer partido é, por norma, consolidar e expandir a sua influência no seu próprio país. Ignorar a campanha autárquica em favor de uma viagem internacional pode ser visto como um sinal de que o partido está desconectado das preocupações mais imediatas dos eleitores portugueses. Ainda por cima Autárquicas, as mais próximas das pessoas, são o pilar da democracia local. É nelas que os partidos ganham terreno, criam raízes e demonstram a sua capacidade de gerir o quotidiano das comunidades. Para um partido como o Bloco, com pouca presença a nível autárquico, seria crucial usar esta oportunidade para se mostrar como uma alternativa viável para as Câmaras Municipais. A ausência da sua líder num momento tão crítico pode ser interpretado como um desinteresse pelas questões locais e, por extensão, uma prioridade para assuntos que, embora importantes, não afetam diretamente o dia a dia dos portugueses.
Por outro lado, a viagem à Palestina pode ser vista como uma forma de reforçar a identidade do partido e a sua coerência ideológica. O Bloco de Esquerda sempre teve uma forte agenda internacionalista, em particular na defesa de causas como a autodeterminação dos povos e os direitos humanos. Para os seus militantes e apoiantes, esta viagem pode ser um ato de afirmação de princípios e de solidariedade, mostrando que o partido não se dobra a conveniências eleitorais e mantém-se fiel às suas causas. Mas senhoras e senhores, um partido se não vale no quadro político pode esbracejar o que quiser que o feito é nulo, as Autárquicas deveriam ser o ponto de viagem para a recuperação do Bloco.
No xadrez político, a perceção é crucial. Ao priorizar o "show mediático" internacional, mostra que o BE é um partido de nicho, focado em questões globais, mas incapaz de competir e de conquistar a confiança dos eleitores nas urnas locais. A questão que se coloca é: valerá a pena arriscar a relevância política no próprio país em nome de uma causa que, por mais justa que seja, não tem impacto direto no voto?
Mas isto não termina aqui, agora Catarina Martins insere outro ruído, está a equacionar se candidatar à Presidência da República. Daqui retiro a ideia de que o BE ainda não percebeu a sua dimensão, de nem conseguir pagar funcionários, e que precisa de recuperar a importância no país com apostas certeiras. Depois das Legislativas Nacionais, que foram um desastre para o BE, ainda bem que se seguem Autárquicas, mas o partido está em desnorte que desaproveita o que o destino dá.
Eu imagino como o Bloco aqui na Madeira não encara isto, será que dizendo que existe uma Mesquita em Santo Amaro, Mariana larga tudo para vir apoiar o partido? Não é uma Mesquita de Al-Aqsa, nem tem um complexo como a Esplanada das Mesquitas, mas espaço foi cedido por Alberto João (link), isso deve chegar para entusiasmar o Bloco.
Nota #1: a viagem de Mariana Mortágua à Palestina, a bordo de uma flotilha humanitária já começou (31-8-2025) com destino à Faixa de Gaza. O tempo de viagem é de cerca de duas semanas (previsão da chegada para 14 ou 15 de setembro). Vale a pena notar que missões anteriores, foram intercetadas e não conseguiram chegar a Gaza. Belo pragmatismo de Mariana Mortágua.
Nota #2: o Chega nas Regionais ganhou no Caniçal, o BE ao fim de tantos anos o que tem para mostrar?
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