L á foi outra vez o Miguel Albuquerque cortar mais uma fita, agora na estrada entre a Achada e o Chote, no Jardim da Serra. E claro, tudo em plena época eleitoral, como quem não conhece a lei da Comissão Nacional de Eleições. Mas ele conhece — simplesmente finge que não é com ele. É a típica cena de campanha: sorrisos, palmadinhas nas costas, discurso inflamado… tudo embrulhado como se fosse um presente pessoal do presidente à população.
E, claro, o povo agradece. Aplaude. Sorri. Porque é assim que nos habituaram: a ver obras públicas como favores privados. Só que há um pequeno detalhe que convém recordar, essa estrada não é um presente de Miguel Albuquerque. Não saiu do bolso dele, não é paga com a conta bancária dele. Foi paga com o dinheiro de todos nós. Foi paga com o dinheiro de todos nós, dos impostos, das contribuições, do IVA, do IRS que nos tiram todos os meses.
É como se alguém te fosse buscar ao banco, levantasse o teu dinheiro, comprasse-te uma prenda com ele… e depois quisesse que tu lhe ficasses eternamente grato. E ainda por cima faz isto em tempo de eleições, o que é contra a lei.
Portanto, não há aqui generosidade nenhuma. Há apenas a velha manobra de campanha: usar o erário público como se fosse uma caixinha de esmolas pessoais. O Governo faz a obra com dinheiro dos contribuintes, Albuquerque aparece no palco, corta a fita e colhe os louros como se tivesse oferecido a estrada de mão beijada.
E ainda por cima, tudo isto em violação clara da lei da CNE, que proíbe inaugurações em tempo de eleições. Mas leis são para os outros, não é? Para Albuquerque, a fita vermelha é mais importante do que o código eleitoral.
O povo não tem nada a agradecer. Porque aquela estrada já estava paga, já estava devida, já era um direito.
Portanto, da próxima vez que virem uma inauguração com fitinhas e discursos, lembrem-se: não é favor, não é oferta, não é presente. É o nosso dinheiro a ser usado para a campanha dele.