O país vai passando por tragédias e nunca ninguém com responsabilidades na Madeira, Governo ou Parlamento, endereça ao menos solidariedade, chegou a vez das câmaras. O continente teve quase um mês de incêndios florestais/rurais, ninguém abriu a boca, quer dizer, não é verdade, em Santa Cruz disponibilizaram bombeiros, o Governo Regional nem palavras para gente do seu partido que representam portugueses do continente.
Agora acontece a tragédia do Elevador da Glória, surdos e mudos, nem pesar nem solidariedade, quem representa os madeirenses só gostam de receber, não se lembram de dar. Estão mal habituados à posição de exigir. Desta vez havia oportunidade para serem as câmaras a tomar posição, mas também não, o problema é exclusivamente Cooperativas de Alojamento Local ou lutas autárquicas.
Este silêncio é visto por muitos como um contraste com a posição que a Região Autónoma frequentemente adota quando é ela a necessitar de apoio, seja em catástrofes naturais ou na defesa de interesses regionais junto do Governo central. A tese é de que a Madeira está habituada a "exigir" e "receber", mas falha em "dar" ou, pelo menos, em reconhecer publicamente os dramas que afetam o resto do país é clara. As pessoas reparam e quem fica mal é toda a Madeira.
O exemplo de solidariedade que apontei, a disponibilização de bombeiros por parte da CMSC no combate aos incêndios no Continente, uma autarquia, não parece ser representativo de uma postura alargada por parte do Governo Regional ou da Assembleia Legislativa da Madeira, reforçando a perceção de um défice de empatia institucional.
A ausência de uma declaração formal de pesar ou de solidariedade, nomeadamente em situações como a queda do Elevador da Glória, gera uma imagem sobre a coesão nacional e o papel das lideranças políticas em momentos de crise. A Madeira quer se um canto do país para as suas negociatas? Este comportamento não só demonstra uma falta de sensibilidade, como também alimenta a ideia de que a classe política madeirense se isola em assuntos de interesse exclusivamente regional, negligenciando o princípio de solidariedade que une o país. Bem, se calhar não pensei bem de novo, eles fizeram tudo para destruir uma oportunidade para o ferry Madeira - Continente. Só nisto, agora promessa de Montenegro, é que a Madeira não reclama.
A perceção generalizada, e que ganha força com estes episódios, é a de que a liderança madeirense, tal como descrita, apenas se mobiliza quando os seus próprios interesses ou os da sua ilha são postos em causa. E tal como são maus exemplos perante a Justiça, são de novo maus exemplos de solidariedade, é assim que se vai formatando pessoas... e tornam-se uns bichinhos.
Precisamos tanto de uma nova geração de políticos na Madeira.
