A esquerda esqueceu as maiorias


A esquerda mais radical minga porque deixou-se nas minorias enfrentando as maiorias, a piada é que as maiorias nem pediam muito, simplesmente conseguir viver no seu país através do trabalho, com retorno nos impostos que descontam, etc. O exagero foi tal, quais exibições exuberantes de afirmação pela cor, que parece que em Portugal as maiorias estão a fazer como nos Estados Unidos, a passar as tretas da esquerda radical a ferro. Ainda hoje, não me cabe na cabeça como é que uma líder vai de flotilha de interesses obscuros, esquecendo-se do país real que vota para a sua estadia na Assembleia da República, lugar em que o seu partido foi bem reduzido.

A Esquerda mina-se pelos seus dogmas, ao priorizar a pureza ideológica e o ativismo em temas específicos, como a ecologia radical ou questões de género, em detrimento dos problemas quotidianos e estruturais que afetam a classe trabalhadora e as populações em geral: salários estagnados, dificuldade no acesso à habitação, degradação dos serviços públicos essenciais, e o custo de vida crescente, cria a sua própria sentença.

O resultado desta desconexão é que os partidos de esquerda deixaram de conseguir traduzir a sua visão em soluções que falem diretamente ao coração e ao bolso da maioria (nas campanhas dos EUA é essência). Esse espaço foi rapidamente ocupado por novas forças políticas, sobretudo à direita, que, apesar de simplistas, populistas ou radicais, conseguem comunicar de forma mais eficaz o sentimento de revolta e abandono que grassa no eleitorado. Quando a esquerda se limita a criticar o capitalismo sem apresentar um modelo económico alternativo e viável para o cidadão comum, ela perde a batalha da credibilidade junto de quem precisa de empregos e de um futuro previsível para os seus filhos.

A grande ironia é que, ao negligenciar as preocupações concretas da maioria dos trabalhadores/população, a esquerda contribui indiretamente para o aumento da abstenção ou para o desvio de votos para o populismo. 

Quem gosta de ouvir o Irineu Teixeira, no do NOW 9, sabe quem financia aquela flotilha e seus interesses: defender terroristas e não entregar ajuda a gaza. Até porque se pergunta o que é que aquelas embarcações trinca-espinhas conseguem carregar para a imensidão do problema. Se calhar vão bem abastecidos para consumo próprio, na deriva política e no mar de incertezas. Mesmo não ouvindo o Irineu Teixeira, todos nós achamos que a flotilha está condenada ao fracasso, mas que o objectivo é mesmo o fracasso na entrega da pequena porção de ajuda alimentar e conseguir um enfrentamento que dê tempo de antena.

Foram presos... e agora, como avalia o país real? Com que então a Mortágua tinha vídeo preparado para a sua prisão, então sabia já o resultado final, não era a entrega de bens alimentares, era o confronto.