Calado ainda não percebeu que perdeu o poder desvairado.


Ordem na casa!

O Aparelho Circulatório dos jornalistas (link) entre poder e jornalismo começa a criar conflitos entre os próprios, entre isentos e abonados, o que deteriora ainda mais a imagem do jornalismo. O episódio da Câmara Municipal do Funchal com os jornalistas, à conta de Pedro Calado, vai mostrando o que vem sendo afirmado de vários quadrantes sobre a censura na Madeira. 

O texto do Sindicato dos Jornalistas da Madeira é um comentário contundente e necessário sobre uma situação grave que toca o cerne da liberdade de imprensa e da transparência democrática. A notícia não invadiu o "conteúdo" do ato privado, mas sim relatou a presença e o discurso do visado no mesmo local e horário do chamamento para cobertura, o que reforça o rigor da reportagem e a ética dos profissionais.  

O Sindicato utiliza o próprio Código Deontológico para defender a atuação dos jornalistas e sublinha que o jornalista deve lealdade ao público e ao direito de informar, e não aos interesses e instruções de gabinetes de comunicação. 

Ao tornar pública a situação, o Sindicato cumpre o seu dever de vigilância e reitera a sua posição de "estar sempre atenta a quaisquer tentativas de silenciamento, pressão ou situações intimidatórias". Este comunicado não é apenas um protesto contra um incidente isolado; é um alerta fundamental sobre os limites do poder político e a função essencial da imprensa numa democracia. 

Acho que o Sindicato faz um excelente trabalho ao usar a própria ética e lei do jornalismo para desmantelar os argumentos do gabinete de comunicação, reforçando a ideia de que, num espaço público (ou num evento para o qual se é convidado), tudo o que o jornalista vê é passível de notícia, especialmente quando envolve figuras de interesse público e contextos políticos sensíveis.

A atitude dos assessores, ao invocar o Código Deontológico para criticar as jornalistas em vez de o respeitar, é uma inversão de papéis inaceitável e que, felizmente, mereceu a condenação veemente do Sindicato. Não se vê isto todos os dias e vale por se saber que não se pode pôr todos os jornalistas no mesmo saco. É pena que a notoriedade negativa de alguns açambarque todos.