O fascismo à nossa volta.

 

E stou para ver para que câmara da Madeira o André Ventura vai ser eleito, a sua presença é constante em todos os cartazes, como que os seus candidatos não valessem, é exatamente o contrário do que Paulo Cafôfo fez nesta campanha das Autárquicas.

A ideia de Wilhelm Reich de que "A função social da ideologia fascista é substituir a consciência política crítica por uma fé cega no líder" é um pilar central na sua obra, especialmente em "Psicologia de Massas do Fascismo" (1933). Vai além da esfera política e económica, mergulhando na psicologia das massas para entender por que milhões de pessoas aderiram entusiasticamente ao fascismo (nazismo na Alemanha e fascismo na Itália).

Para Wilhelm Reich, a ideologia fascista não é apenas um fenómeno político, mas o resultado de uma estrutura social repressiva. A família burguesa e patriarcal, autoritária e sexualmente repressiva, atua como a "fábrica de ideologia" e o modelo psicológico do autoritarismo. A repressão sexual imposta na infância gera medo, submissão à autoridade (o pai/autoridade) e a internalização de sentimentos de culpa e ansiedade. Esta repressão cria uma estrutura de caráter masoquista e rígida nas massas, que anseia por uma figura forte para se submeter. A energia sexual reprimida não desaparece; ela é desviada e "congelada" sob a forma de ansiedade, culpa e energia agressiva latente. Aqui nasce o ódio por alguns valores da Esquerda, muito mais humana.

O fascismo explora esta estrutura de caráter previamente moldada pela repressão. A função social da ideologia torna-se, então, um mecanismo psicológico. O líder fascista (o Führer, o Duce) é projetado como um substituto do pai autoritário da infância. A relação de poder não é vista como uma opressão política, mas como uma ligação emocional e "amorosa" de submissão e proteção.

A ideologia fascista opera não pela razão ou pela análise política, mas pela mística e pela irracionalidade. Ela exige e recompensa a fé cega (o Glaube do nazismo) no líder. Esta fé é psicologicamente mais satisfatória do que a consciência crítica, pois alivia a massa da responsabilidade de pensar e de enfrentar a sua própria ansiedade e impotência.

A ideologia fascista neutraliza a crítica ao oferecer uma explicação simples, emocionalmente gratificante e paranoica para os problemas sociais (e.g., culpar o "inimigo" ou a "raça inferior").

A substituição da consciência crítica pela fé cega serve a um propósito social e político claro, o fascismo surge em tempos de profunda crise social e económica. Em vez de permitir que as massas desenvolvam uma consciência de classe e dirijam a sua raiva contra a estrutura económica que as oprime, o fascismo canaliza essa raiva e frustração para bodes expiatórios (judeus, comunistas, minorias, etc.).

A ideologia fascista oferece gratificações substitutas e irracionais que unem a massa, sentimento de pertença a uma "raça" ou "nação" superior (nacionalismo exacerbado). A promessa de ordem e o alívio da ansiedade através de uma disciplina militarizada e rígida. O uso de símbolos, uniformes e rituais que, inconscientemente, ressoam com a energia reprimida (a atração da "força" e da "virilidade" do movimento).

Ao sufocar a crítica e a análise racional, a ideologia fascista garante que as massas apoiem um regime que, na verdade, serve os interesses da elite económica e política dominante, perpetuando a exploração sob o disfarce de unidade nacional e obediência ao Líder.

Para Reich, a ideologia fascista é a organização política do irracionalismo e da estrutura de caráter reprimida das massas. A sua função social é transformar a energia frustrada em apoio inquestionável à autoridade, garantindo a estabilidade e a repressão do regime.

Eu acho que na Madeira, estes lutadores contra o sistema são parecidos com Albuquerque, depois de conquistado o poder são piores do que Jardim.

Anexo o livro em Português, mas calculo que seja pérolas a gente que não se instrui para alcançar os sinais que todos os dias entram pelos olhos dentro. Porquê repetir erros?