A cabo de ler a versão pura de um comunicado do Sindicato dos Jornalistas e o mesmo, em "notícia" no Diário de Notícias. Parece que agora a notícia traz a influência do Madeira Opina, a atualidade regional comentada surge imediatamente na notícia com a pessoalização do jornalista ou jornalistas.
A notícia no Diário de Notícias mostra, claramente, a politização do jornal e dos conflitos de interesses, para além de colidir com a definição de notícia. Eu acho que notícia (e não expediente como muitas vezes faz o DN na agenda do Governo para aparecerem do nada) é a comunicação seca de informações selecionadas com um evento ou facto recente, socialmente relevante, que merece ser tornado público num meio de comunicação social. Deve mostrar à sociedade o que muitas vezes se esconde. Deve ter relevância, ter interesse público, ser facto significativo, importante ou de interesse para um vasto público que pode ser político, económico, social, cultural, etc. Deve ir caracterizando a conjuntura e não permitir a manipulação das perceções.
Pedro Calado, que tem acusações de corrupção na Justiça e foi afastado da CMF, que tentou se apoderar da CMF através dos seus emissários em lista candidata nas Autárquicas pelo Funchal e que foi banido dessas eleições pelo próprio PSD-M, queria (e teve) uma cerimónia particular, longe das vistas, sabendo que estava de novo a prevaricar, no bom senso e nas diretrizes do partido. Não só estava presente no ponto final de uma galeria de galácticos que deram barraca, como a sua presença já coloca sob observação negativa os que se seguem. Já bastou o candidato omisso em vice-presidente. Os dois enfermam de queimar tudo à volta e por alguma razão os dois se "escondem" em alturas críticas.
A notícia deve relatar os factos com rigor e exatidão, baseando-se em fontes credíveis e sem incluir o juízo ou opinião pessoal de quem escreve (o jornalista). A linguagem é, idealmente, clara, formal e impessoal (em terceira pessoa).
O que se viu no Diário de Notícias é politização porque há conflitos de interesses, acaso há alguma assessora esposa de jornalista? Acaso Pedro Calado não foi o "bezerro de ouro" durante muito tempo no DN-M e que, entre escândalos, rusgas e acusações de corrupção ... "arrasou"? A sua presença é natural quando ainda por cima tentam uma cerimónia à parte longe dos jornalistas? Isso não é notícia? A prevaricação contra o bom senso e o partido... é! E a ousadia não terminou por ali (link). Eu diria que Pedro Calado é "doente" da ribalta quando deveria estar no recato e numa travessia do deserto.
Mas... estes dois trechos na notícia do DN são deveras inarráveis:
O Diário de Notícias tem cometido o erro de não ser imparcial no formato em que já expus, nunca tinha visto um órgão de comunicação social a defender os assessores de comunicação contra os seus próprios jornalistas... defendidos pelo Sindicato. E mais, surgem opiniões inseridas em notícias para condicionar a perceção dos eleitores, já não bastava o recorte em campanha das comunicações dos partidos? Foi acrescentado à notícia/comunicado do Sindicato dos Jornalistas uma traição por conflitos de interesses. É uma absoluta vergonha. O "Jornalismo" além de vergado aos interesses dos donos, do subsídio e ao poder, vende a lealdade devida aos seus próprios profissionais no altar dos interesses pessoais dos "jornalistas" graduados.
Impressiona um jornalismo que já perdeu a estrutura da Pirâmide Invertida, escrita de forma a colocar as informações mais importantes logo no início do texto, no chamado "Lead" que deve responder às seis perguntas fundamentais: O quê? Quem? Quando? Onde? Como? e Porquê?... tenha inserido agora a novidade do cunho pessoal. De facto o comentário do Madeira Opina está a fazer mossa, o jornalista agora quer tirar as ilações do leitor nas notícias.
Que traição ao Sindicato dos Jornalistas, anotem o que vou dizer, os jornalistas do Diário estão a se menorizar e o poder económico e político, quando não precisar de alguns, porque perderam a credibilidade, vai atuar, porque para manter o status quo precisam da idoneidade dos outros para se reabilitarem e irem sobrevivendo. O Diário acaba de abrir mais uma brecha no jornalismo e nos jornalistas. GRAVE! Quando algum jornalista for dispensável aos olhos do poder vai recorrer a uma cunha mais forte no poder ou ao Sindicato? E no poder, quem se vai "atravessar" a salvá-lo, quem vai se queimar por esse favor?
Nota: só agora reparei que a notícia do DN-M não é assinada pelo Beto do Naval.
Não ficaria bem comigo, depois deste comentário, se não colocasse o comunicado do Sindicato dos Jornalistas e o link da notícia do DN com a sua "pérola", espero que não apaguem:
Sindicato repudia pressões do gabinete de comunicação da Câmara do Funchal sobre os jornalistas
A Direcção Regional da Madeira do Sindicato dos Jornalistas vem por este meio repudiar os factos ocorridos, esta sexta-feira, 24 de Outubro, por volta das 15 horas, envolvendo três jornalistas — do JM, Diário de Notícias da Madeira e RTP-Madeira — que foram alvo de pressões por parte de assessores da Câmara Municipal do Funchal no sentido de condicionar o exercício das suas funções.
O incidente ocorreu durante a cobertura jornalística do último ato público da presidente cessante da autarquia, Cristina Pedra — o lançamento do 'Livro de Honra da Câmara Municipal do Funchal: Personalidades Ilustres Recebidas nos Paços do Concelho (1984-2011) — uma cerimónia que se realizou nos Paços do Concelho e para a qual a comunicação social foi convocada.
Em causa está o facto de ter sido noticiado que o ex-presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado — que renunciou ao cargo em Janeiro de 2024, depois de ter sido detido no âmbito de uma investigação a suspeitas de corrupção na Madeira — ter discursado num ato interno que antecedeu a cerimónia e se prolongou para lá da hora marcada e no mesmo local da apresentação do livro.
As jornalistas em questão foram abordadas por dois assessores que as acusaram de invadir uma sessão privada, sugeriram que o facto supramencionado não era passível de notícia e tentaram dar indicações de como deveriam ter feito o seu trabalho, chegando mesmo a invocar o Código Deontológico para questionar a ética das jornalistas. A isto soma-se o facto de terem sido feitos telefonemas para as redações de ambos os jornais regionais, numa tentativa clara de limitar a liberdade de imprensa.
Esta Direcção recorda que o Código Deontológico dos Jornalistas no seu artigo primeiro refere que “o jornalista deve relatar os factos com rigor e exactidão”. Ora, as notícias em causa nada mais fizeram do que relatar a presença de um ex-dirigente político, implicado em factos de interesse público regional, num local para o qual os jornalistas foram convocados, estando devidamente identificados.
A partir do momento que permitem o jornalista entrar no edifício tudo aquilo que ele vê (com o olhar de jornalista) é passível de ser noticiado.
Sublinhe-se que o conteúdo do dito ato privado não foi reportado, em virtude de ter sido dito aos jornalistas que se tratava de um momento interno, tendo apenas sido recolhidas imagens e declarações do próprio visado após a sua intervenção.
A isto acresce que o jornalista tem um compromisso com o público e não com os assessores.
O Sindicato faz igualmente questão de sublinhar o artigo número dois do Código Deontológico, que diz que “o jornalista deve combater a censura” e ainda “lutar contra as restrições no acesso às fontes de informação e as tentativas de limitar a liberdade de expressão e o direito de informar”, conforme expressa o artigo número três, acrescentando que “é obrigação do jornalista divulgar as ofensas a estes direitos”.
A Direcção da Madeira do Sindicato de Jornalistas condena veementemente a actuação dos assessores de comunicação do executivo funchalense e reitera que está sempre atenta a quaisquer tentativas de silenciamento, pressão, situações intimidatórias perpetradas aos jornalistas e usará a voz para denunciar essas situações.
O Sindicato relembra ainda que impedir o acesso à informação e condicionar o trabalho do jornalista é passível de ser punido por lei.
A Direção,
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- Link do DN-M: Sindicato dos Jornalistas repudia pressões sobre jornalistas na Câmara do Funchal (link)
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