Os (des)interesses dos madeirenses. ⭐️


Os meus cumprimentos à plataforma, aos seus leitores e autores.

T odos nós, com massa cinzenta, achamos que a Televisão e a Comunicação Social produzem cada vez mais "lixo" em vez de algo com interesse. Pegamos nos jornais e resumem-se a eventos, desporto, propaganda, publicidade e imobiliário. Fazemos zapping nos canais dos provedores de pacotes de TV e vemos canais desvirtuados a dar tontices como fantasmas, obras em cascos de rolha, mineiros e caçadores e pedras preciosas, o ensino de todas as vertentes da droga, os encarcerados, o desconhecido, misterioso, a conspiração. o além, ovnis e extraterrestres, a emoção dos eventos de clima, etc. Vemos canais, como a RTP2, com excelentes séries, a serem ostracizados, os melhores programas das generalistas ocorrem nas madrugadas. Vemos o populismo, os sujos a se lavarem e os que berram mais.

A pergunta é, porquê tanto "lixo"?

Porque é na realidade o que a maioria dá valor, confirmados nos registos de acessos. Portanto, quando se reclama da qualidade do produto que recebemos, se calhar somos da massa cinzenta. Apesar de ser o que a maioria deseja, não deixa de ser confrangedor a desistência dos média em formar as pessoas, por jornalistas ajoelhados, canais mercantilistas e redes sociais influenciadoras. Neste contexto, o madeirense não é diferente, gostam de acidentes, trânsito, ícones com pés de barro, vilões e "vilhões" promovidos a estrelas, os atrevidos, ardilosos e manipuladores, o drama barato de gente que recebeu de volta os seus exageros, o trivial, curioso, engraçado, entretenimento, etc. A melhor informação não desperta interesse nos madeirenses, se calhar o Madeira Opina também tem esses números para aquilo que se considera os melhores textos, por serem informativos, didáticos, de um contraditório factual.

O que se conclui é que o problema é generalizado, o que se constata na Madeira é que temos uma população centrada em estupidez, propaganda, distraída e entretida, sem domínio da realidade, da conjuntura e de como uma guerra, lá longe, acaba num instante com o modelo económico, matará pela insustentabilidade de pouco produzir a não ser betão. Quem lucra com este ambiente ficará sempre bem, quem anda distraído mete-se na boca do leão. Este mundinho artificial está para terminar, mas ninguém sai da estupidez, só mudarão à força quando for tarde e estiverem por sua conta, resultado de um governo que oferece tretas ao povinho e enriquece os mesmos.

Vivemos num ciclo vicioso da cultura do desinteresse que se abastece das mentiras de forças que querem controlar a região, o país e o mundo.

A métrica mais importante para qualquer empresa de comunicação não é a qualidade, mas a receita publicitária, que está diretamente ligada à audiência de massas (na TV) ou aos cliques/acessos (na internet). O algoritmo e o modelo de negócio mercantilista punem a complexidade e a profundidade. Um povo sem apetência pela cultura e boa informação cai na ratoeira.. a tirania do clique e da audiência imediata

O "lixo" é barato e rendoso, altamente eficiente para gerar emoções de medo, raiva, indignação, curiosidade. O conteúdo emocional supera o conteúdo racional e didático na corrida pelo share de atenção. Os médias sabem que o drama barato e o sensacionalismo são "manteiga para o algoritmo". O que mais precisa a comunicação social e o que persegue os empresários e acionistas? Dinheiro fácil.

Os médias já não competem apenas entre si, competem com o entretenimento ilimitado das redes sociais e do streaming. A resposta mais fácil dos canais tradicionais é mimetizar o formato mais simples e viciante das redes sociais (conteúdo curto, repetitivo, focado em personalidades ou escândalos). Imagens e títulos. O público, ao não ser formado para consumir criticamente, não tem as ferramentas para exigir melhor. Assim, a audiência não só prefere o fácil, como também é filtrada pelo algoritmo para apenas receber aquilo que já consumiu, reforçando a "câmara de eco" da estupidez, conspiração e do populismo, tornando a reversão do ciclo ainda mais difícil.

A distração é dirigida à estupidez da população para extrair lucro dela.

Por querer, e não sem querer, assistimos ao tempo de antena do populismo e polarização como conteúdo e destrói-se a região, o país e o mundo. Há até profissionais dedicados a isso e mais, com objetivos obscuros, o beto do naval é um, o que faz é tentar matar a influência de uma boa Opinião Pública porque destrói este negócio de distração que o seu jornal promove. A comunicação social, ao focar-se em espetáculos inócuos e artificiais, de conflito em vez de análises aprofundadas de políticas públicas, propositadamente, normaliza, legitima e amplifica os atores mais ruidosos e superficiais. Os jornais estão cheios de comentadores sujos, perversos e que perseguem ambições pessoais, pouco importados com a população

Uma população "centrada em estupidez, propaganda, distraída e entretida" é uma população politicamente passiva, que não questiona a conjuntura nem o modelo económico. Volto a dizer, a distração generalizada e a passividade induzida pelos média criam uma população não preparada para o inevitável terminus do "mundinho artificial", deixando-a "na boca do leão" quando a realidade bater à porta.

Por isto, os meus parabéns pelo serviço público do Madeira Opina. É importante a moderação para que o mundinho não torne este instrumento mais um para a aberração da abstração da população. A vidinha vai mudar no espaço de poucos anos.